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ESTUPROS INCESTUOSOS
Estou caminhando por entre paredes de casas infernais, onde encontro crianças ingênuas e envergonhadas que desejam cobrir sua nudez com possibilidades inexistentes. Convivo com demônios vorazes, gargalhantes e locupletados que avançam cruéis ante a discordância e a ação protetora. Estou só. Passos isolados, de um cômodo a outro, buscando tecidos que escondam a carne que provoca fome nos olhos injetados de desejo. Sou a que não nega o que existe, a que enfrenta, com medo e asco, todos os detalhes cotidianos de uma vivência homicida. Há palavras e atitudes que matam aos poucos, um horror interminável que se refina com o desenrolar dos prazeres experienciados. Há desespero mudo, contido, suicida, imerso numa eterna noite de flagelos e gritos lancinantes das almas para o céu dos desenganados. Há revolta que se engole inteira, enorme, rasgando por dentro e que se alastra pelo corpo, tornando-o, torneando-o, transformando-o, transpassando-o e transfigurando-o. Há satisfação e alegria que saem de bocas gozantes, de peles gordurosas, de cheiros detestáveis, de salivação excessiva que escorre sobre os limpos. Há crianças tocadas, roçadas e soterradas. Há crianças enterradas vivas torturadas nos quintais e sob os alicerces destas casas. Há crianças mal formadas, mal queridas, mal tratadas. Crianças e demônios e nenhum olhar. Crianças e demônios isolados do mundo, participando de uma festa particular. Crianças que nasceram para o prazer, para a luxúria e a tortura. Crianças que vieram para as delícias da carne, para a secreta volúpia do sexo e da dor. Crianças com sangue e corpos tenros que fazem brilhar os caninos sedentos. Demônios... compreendem-se os demônios. Existem. Mas... crianças? tantas? Que permissão admitiria este cárcere dantesco, esta orgia fúnebre? Que força no universo senão a do acaso e da ausência de lógica? Imolam-se os cordeiros sem tirar-lhes a vida apenas pela perpetração do prazer selvagem. Sem altar, sem ritos, apenas profanação e carnificina. Eu cuido das inocências ensanguentadas, chorando vergonha e pavor. Que lugar é este, me pergunto, que lugar é este?
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ESTUPROS INCESTUOSOS
Estou caminhando por entre paredes de casas infernais, onde encontro crianças ingênuas e envergonhadas que desejam cobrir sua nudez com possibilidades inexistentes. Convivo com demônios vorazes, gargalhantes e locupletados que avançam cruéis ante a discordância e a ação protetora. Estou só. Passos isolados, de um cômodo a outro, buscando tecidos que escondam a carne que provoca fome nos olhos injetados de desejo. Sou a que não nega o que existe, a que enfrenta, com medo e asco, todos os detalhes cotidianos de uma vivência homicida. Há palavras e atitudes que matam aos poucos, um horror interminável que se refina com o desenrolar dos prazeres experienciados. Há desespero mudo, contido, suicida, imerso numa eterna noite de flagelos e gritos lancinantes das almas para o céu dos desenganados. Há revolta que se engole inteira, enorme, rasgando por dentro e que se alastra pelo corpo, tornando-o, torneando-o, transformando-o, transpassando-o e transfigurando-o. Há satisfação e alegria que saem de bocas gozantes, de peles gordurosas, de cheiros detestáveis, de salivação excessiva que escorre sobre os limpos. Há crianças tocadas, roçadas e soterradas. Há crianças enterradas vivas torturadas nos quintais e sob os alicerces destas casas. Há crianças mal formadas, mal queridas, mal tratadas. Crianças e demônios e nenhum olhar. Crianças e demônios isolados do mundo, participando de uma festa particular. Crianças que nasceram para o prazer, para a luxúria e a tortura. Crianças que vieram para as delícias da carne, para a secreta volúpia do sexo e da dor. Crianças com sangue e corpos tenros que fazem brilhar os caninos sedentos. Demônios... compreendem-se os demônios. Existem. Mas... crianças? tantas? Que permissão admitiria este cárcere dantesco, esta orgia fúnebre? Que força no universo senão a do acaso e da ausência de lógica? Imolam-se os cordeiros sem tirar-lhes a vida apenas pela perpetração do prazer selvagem. Sem altar, sem ritos, apenas profanação e carnificina. Eu cuido das inocências ensanguentadas, chorando vergonha e pavor. Que lugar é este, me pergunto, que lugar é este?
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3 comentários:
Quando leio esse tipo de matéria, repenso sobre a pena de morte.
Sempre fui contra a pena capital ainda mais em um país como o Brasil.
Mas é difícil não pensar quando nos chegam esses assuntos.
Vejo este texto como uma possibilidade de despertar, em cada um de nós, a necessidade de nos mantermos alertas para acontecimentos deste tipo que frequentemente podem estar mais próximos de nós do que podemos imaginar. Penso que mais do que pensar em pena capital, nos torna responsáveis, no sentido de proteger os que estão perto, simplesmente admitindo que estes horrores existem.
Parabéns, Ana.
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