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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
Eróticos.)




sábado, 18 de abril de 2009

Foto Amarelada - por Ana Maria Guimarães Ferreira

Mexendo nas gavetas para jogar fora as coisas que não mais eram úteis, ela caiu aos seus pés: uma velha foto amarelada, sépia.
Olhou de relance e ia deixar ficar ao chão, mas algo a fez retroceder, abaixar-se e pegar a velha foto e olhar novamente, com calma, devagar.
Lembranças são para serem saboreadas vagarosamente. Olhou e o que viu trouxe um sorriso espontâneo em sua face franzida.
Era ela mesmo aquela menina magricela, de pernas longas, quase sem busto, vestida num maiô de corpo inteiro, com um cabelo a la Joãozinho (moda da época), com aquele chapéu engraçado e aquela cara de mistério?
E para quem ia aquele sorriso misto de amor e de carinho? Olhou para o outro canto da foto e ali estava ele: a razão do sorriso. Seus olhos viajaram na fotografia e ela viu aquele rapaz franzino, de cabelos claros e grandes olhos fixos e notou que ele também sorria de outro ponto da foto.
Voltou ao tempo da foto e sem querer, viu-se em Paquetá. Sim era ali que a foto havia sido tirada. Ilha de Paquetá - Rio de Janeiro...
Praia mansa, sem ondas, sol não tão escaldante como agora (seria por causa das árvores ou por causa da camada de ozônio de hoje?).
Conseguia captar no olhar dos dois o amor adolescente. Um jeito maravilhoso de falar pelo olhar, de expressar ternura sem tocar, de querer sem se dar.
Ouvia os risos, sentia as ondas pequeninas roçando-lhe os pés. Água morna, areia clara...
Sorriu ao ver o maiô “engana mamãe”: na frente corpo inteiro, de costas duas peças.
Nada de biquinis provocantes ou insinuantes com bundas à mostra.
Não: tudo era para que a imaginação funcionasse: acho que por isso éramos mais criativos no amor. Um simples pegar uma mão na outra trazia a sensação de êxtase. Um beijo roubado nossa era a glória!
Não tínhamos o “ficar”, o “ficante”; tínhamos o namorar, o amante, o apaixonado, o enamorado.
Curtíamos piquenique em Paquetá, na Praia da Urca, na Praia Vermelha, na Quinta da Boa Vista.
Adorávamos a sessão da tarde no Cinema Carioca onde tínhamos nossas pequenas paqueras que muitas vezes nos seguiam de ônibus ate a parada de nossas casas.
Nada de shoppings, nossos passeios eram ir à Praça Saens Pena.
Tínhamos os bilhetes trocados nas salas de aula escondido dos professores, dos inspetores.
Era perigoso ter namoradinho na sala e trocar bilhetes. Sempre tinha o inspetor que fiscalizava. Era perigoso e ao mesmo tempo excitante.
Se o inspetor pegasse, éramos levados à diretoria e nossos pais eram convocados via caderneta escolar...
E as cartas de amor? Era maravilhoso escrever para namorados distantes. Existia até o casamento por procuração e os namoros via fotonovelas. Jovens da AMAN e da EPCAr se correspondiam com as moças e às vezes um amor nascia pelas letras das cartas.
Assim, cada vez que o moço do correio chegava era um Deus nos acuda. Todos queriam saber se a carta esperada tinha chegado. Sempre era uma emoção ou do amor correspondido ou do caso terminado.
Tínhamos os bailes de formatura onde orquestras tocavam musicas lentas e nos obrigavam a sentir o parceiro tocando em nossas cinturas, seu cheiro, às vezes um beijo roubado, escondido, camuflado nas barbas que começavam a nascer.
Eram pura emoção os preparativos para o baile, os cabelos, a roupa, os vestidos rodados a rodopiar pelo salão e assim chamar a atenção para aqueles que sabiam dançar bem o bolero. Para quem tinha graça nos pés, ritmo no corpo e frescor nos rostos.
Tínhamos olhares trocados, sorrisos disfarçados e um amor tão puro como as letras das músicas que embalavam nossos sonhos.

Tudo isso foi revivido em instantes, por causa de uma fotografia amarelada, que por pouco, muito pouco não ia para o lixo.



.

4 comentários:

Ana disse...

Ana Maria:
Muito bonito seu texto. Às vezes a gente quase faz este tipo de coisa mesmo... Ainda bem que ficamos no quase.

Ana Guimaraes Ferreira disse...

Envelhecendo apenas





Ana Maria Guimaraes Ferreira

De repente, olhando no espelho da sala
Me assustei com o que vi.
Vi uma mulher diferente,
com um sorriso mais largo, com algumas rugas
e um olhar sábio porém sem muito brilho...
Vi um rosto aparentemente mais calmo,
porém sem a alegria de antigamente
Vi uns cabelos brancos nos cantos da testa
no meio da cabeça e nas sobrancelhas...
Descobri mãos que pareciam não ser minhas
com veias verdes, verdes, saltando
braços com alguns pontinhos marrons,
e o pescoço altivo que havia
não mais estava ali...
Esse mesmo pescoço mostrava
a idade que tinha em mim.
Minhas mãos antes lisas já não eram mais
e eu não tinha esse pescoço
ele era esticado e empurrava o rosto para frente
e eu não tinha no olhar esse medo
essa angustia
esse coração que bate descompassado
e que antes eu nem notava

Eu não percebi essa mudança
essa alteração
eu nao me dei conta de tantas mudanças
eu nem percebi que aquela ali
na frente do espelho da vida
era eu
Apenas um pouco mais vivida
levemente envelhecida

Mas com certeza era mesmo eu!


foto:www.fieo.br/imagens/acervo/0218.jpg

Ana Guimaraes Ferreira disse...

MUDANÇAS JA
Ana Maria Guimarães Ferreira


Hoje vendo a TV, como sempre me estresso, ao ver a nossa política para adolescentes infratores.
Matam, violentam,deixam familias de luto e no fim... são presos e soltos.
Vejo a policia querendo prender bandidos e pela lei mal feita tendo que soltar.
Vejo filhos matando pais, pais matando filhos e tendo como justificativa imbecil que não os queria deixar ficarem aqui sofrendo,
As pessoas estao perdendo muita coisa, emoções, afetos, valores.
A TV e a internet as vezes são entre outras coisas escolas boas e escolas ruins.
A cadeia muitas vezes serve como uma grande escola de formação de marginais - Aprenda a ser ruim ou morra!
E me lembrei de um caso e Brasilia de um homem que foi ao Parque da Cidade e vendo patos nadando achou mais que lógico que levasse para sua casa com certeza para servir de jantar.
Evidentemente que foi preso e pela Lei -Que lei é essa senhor? - preso por roubar um pato - inafiançavel segundo o IBAMA.
Ele com os patos debaixo do braço o olhar faminto e a desculpa que ia criar os patinhos.....
Mas cade uma lei como essa que fosse inafiançavel quando o cara rouba, mata, estupra e violenta os patos que somos nós?
A esses uma lei branda - reu primario endereço conhecido........ Acho que deviamos inserir o ser humano na lista de animais em extinção e aplicar a pena inafiançavel para quem rouba ou mata o outro ser humano.
Acho que deviamos rever nossas leis- Afinal temos tantos deputados, senadores, ganhando MUITO BEM e que podiam fazer seus deveres com mais frequencia e frequentar mais as sessões "escolares" e apressar os resusltados.
QUEM ROUBA UMA GALINHA É PUNIDO
QUEM ROUBA UMA VIDA é premiado principalmente se for menor infrator


VAMOS FORÇAR ESSES NOSSOS PARLAMENTARES ELEITOS POR NÓS A TRABALHAR EM PROL DOS CIDADÃOS DECENTES E NAO EM PROL DOS DELINQUENTES

Ana Guimaraes Ferreira disse...

ONDE ANDA VOCE?

Ana Maria Guimaraes Ferreira


ONDE ANDA VOCE?

Não te procuro mais,
Não telefono mais para ti
Não mando mais e-mails
Para que?Você não atende
Não responde
Não manda noticias

Prefiro imaginar que estas
Morto
E assim sofrer como viúva
Que sou deste nosso amor
Difícil acreditar
Que não queres mais me ver
Me ouvir
Nem no skype
Sem câmera
Ou no MSN
Digitando

Não quero crer
Que aquele amor imenso
Aquele amor tão louco
Que nos fazia perder noites de sono
Na internet da vida
Tenha desmoronado
Que você tenha dado
Um delete na minha imagem
Que tenha me colocado
No arquivo morto
Da tua vida

Assim prefiro crer
Que estas morto
Pois se vivo estivesses
Com certeza ...Virias correndo
Para meus braços