O título pode remeter à ideia de ficção científica, histórias sobrenaturais, poderes paranormais. Mas não é nada disso que se trata. É pura realidade. Matéria bruta do cotidiano de milhares de mulheres... Talvez de todas as mulheres... Será pessimismo em demasia ou observação objetiva?
O fato é que a história aconteceu não faz muito tempo.
D. Palmira é uma simpática senhora na casa dos seus setenta e alguns anos. Esposa, mãe e avó. Dedica-se a essas três funções com profundidade, não deixando de consagrar a si mesma tempo para se cuidar. Mulher vaidosa, foi no salão de beleza que contou o fato para quem quisesse ouvir, rindo-se de si mesma e da situação. As mulheres da audiência riram com ela, não deixando de pensar que com elas se passava o mesmo, embora com faces diferentes.
Extremamente vaidosa, D. Palmira não saía à rua sem passar um “batonzinho” nos lábios. Fazendo as vezes de um blush rápido passava duas pequenas bolinhas nas bochechas e espalhava com os dedos. Naquele dia estava mais apressada que o costume, pois tinha compromisso num cartório acompanhada do marido. Saíram os dois às pressas e passaram a tarde juntos, fazendo uma peregrinação entre cartório e repartições públicas.
Chegaram a casa já quase anoitecendo. D. Palmira foi direto tomar uma ducha e ao olhar-se no espelho o choque: não tinha espalhado as duas bolinhas. Sentia-se como um palhaço de circo. Ou pior, como uma mulher invisível. Mais uma vez uma prova de que o marido tão amado, não a enxergava. Ou talvez enxergue outras coisas... Não sabia o que pensar. Foi dormir envergonhada.
Foi necessário passarem-se alguns anos, outros vexames, até ela pudesse contar rindo a sua história enquanto arrumava o cabelo no salão.
Aliás, quem lhe esperava naquele dia, de carro, na porta, era o marido. Mas ela já não esperava por elogios. Que a esperasse era o suficiente.
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3 comentários:
coloquei lá o link... eu me incluí na tua lista... oas poucos vou lendo o teu blog, tem mta coisa aqui!!! hehehe.
abraços.
Falô, Mônica!
Estou lendo o seu aos poucos também!
Seja muito bem-vinda!
Um abraço!
Muito bom seu texto, Maribel!
Demais!
Parabéns!
Posta mais!
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