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sábado, 13 de dezembro de 2008

A Liberdade de Não Ter - por Alba Vieira

Você já se perguntou tudo que perdeu pelo que passou a ter, que conquistou? E se fantasiar que foi aos poucos perdendo tudo isso? O que ganharia de volta em termos de qualidade de vida, de qualidade para ser feliz e em tempo para viver? Viu? Será que vale mesmo toda esta correria, tanto esforço, tanto stress, para depois, no fim do dia, você desabar exausto e ficar olhando para o que tem sem poder usar? Ou trabalhar tanto sem descansar, sem conviver com a família, sem perceber seu filho crescer para conquistar bens e na aposentadoria não ter a possibilidade de desfrutá-los, seja por morte súbita ou então por já estar entrevado, alienado ou mesmo ainda ocupado, lutando para trazer de volta a saúde que gastou sem critério algum na sua luta inglória por coisas?
Como é o seu presente? Tornou-se um fardo pelas atitudes inconseqüentes e ambiciosas do passado ou é só ansiedade pura pela expectativa do futuro? Você consegue estar realmente aqui agora? As coisas que você já conquistou trouxeram para a sua vida realmente mais conforto ou muito mais obrigações e despesas que o obrigam a trabalhar ainda mais, às vezes sem qualquer prazer no que faz, para poder pagá-las? Será que vale a pena mesmo ter tudo isso?
Vejamos como é o homem moderno: quando sai de casa é obrigado a carregar um monte de coisas: chaves, cartões, documentos, celulares, pastas e papéis. Sair de mãos abanando, nem pensar... Andar a pé para o trabalho, exercitando o corpo e olhando para as outras pessoas, contemplando a natureza que ainda existe, quase sempre impossível... Se usa o transporte coletivo, se irrita, sofre, se cansa, porque a qualidade é péssima. Se vai no seu carro, precisa se preocupar com o trânsito, engarrafamentos, assaltos, e sempre com a despesa que advém dele: IPVA, revisões, pedágios, seguros etc. A facilidade de comunicação traz, por outro lado, a ausência total de privacidade. Quem pode, hoje, sair sem destino sem ser encontrado? E o silêncio, onde é possível desfrutá-lo? Ao invés disso, acabamos falando ao mesmo tempo com várias pessoas: ao vivo, no celular e no fixo. Loucura total... stress e mais stress.
Cada conquista na vida se transforma em mais uma malha da teia paralisante em que nos envolvemos. Pertencemos a condomínios, instituições, clubes, organizações, sindicatos, conselhos e, claro, somos reféns de suas cobranças burocráticas e monetárias que nos tiram quase toda possibilidade de orientarmos nossa vida livremente. Estamos afundados em papéis, obrigações, contas, documentos, relações etc. que não queremos e não precisamos, que não fazem parte de nós e que nos roubam de nós mesmos. Até quando permitir tudo isto? Por que não simplificarmos agora nossa vida, retirando tudo o que é desnecessário?
Às vezes imagino uma liberdade total, inusitada e extremamente prazerosa, embora aconteça apenas na mente: volto para casa, e ela não mais existe... perdi tudo o que tinha num incêndio... Uau!!!!!!!!
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Um comentário:

Anônimo disse...

Comentário por Ana — 31 dezembro 2008 @ 9:13 |Editar

O final deste texto chega a ser assustador! Mas é profundo e faz pensar!