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sábado, 13 de dezembro de 2008

Desespero - por Adir Vieira

Misturo-me às pessoas, na ânsia de descobrir o porquê do tumulto. Vejo-me adentrando porteiras desconhecidas, sem temer. Sinto-me forte e capaz, por ir em frente.
Vozes irreconhecíveis gritam ao mesmo tempo em que outras vozes choram e pedem socorro.
Nada me detém na compulsão da descoberta. Meu medo habitual, como que tomado de uma força superior, transforma-se na coragem maior e me surpreende.
Vejo-me ali, entre sangue e desespero, e tenho a plena consciência de que não sou eu.
Como outras mãos caridosas, trabalho e ajudo outras pessoas a se desvencilharem de outros corpos e destroços para assim ganhar de novo a própria vida.
Sinto-me, em meio a tanta desgraça, como um animal abatido pelo caçador, no exato momento de sua morte.
Sinto-me nada, enquanto ali, nesse lapso de tempo, sou tudo.
.

Um comentário:

Anônimo disse...

Comentário por Ana — 31 dezembro 2008 @ 9:02 |Editar

Este texto é lindo!
Especial!
Mais um emocionante e demais!