Era fim de tarde. Rio de Janeiro. Pessoas voltando do trabalho para suas casas. Trânsito intenso, carros se arrastando numa fila interminável em direção ao túnel.
Olho para o lado e uma janela se abre em mim. Vejo uma casa. Linda! Janelas envidraçadas, de vidros tão transparentes e molduras delicadas, de cor marfim, que compõem um cenário familiar. Através das janelas posso ver um enfeite na parede que me é fatal. É a ponte que leva para outro tempo. Lembranças? Fragmentos de um passado que está tão vivo em mim. Fico paralisada, como que atingida em cheio no ponto mais vulnerável do meu ser por uma flecha envenenada. E o veneno é doce, sinto este quase torpor.
Continuo seguindo o fluxo dos carros, mantendo a atenção, mas já não estou ali. Estou suspensa, roubada do meu corpo, presa a um momento que quero manter comigo. Quero vivê-lo inteiro, quero saber de onde vem esta sensação, esta alegria que transborda no meu coração e extravasa em lágrimas que embaçam meus olhos.
Tento manter-me ali, naquele passado, naquela casa, tento resgatar o que representa para mim esta visão. O que vivi num lugar assim? Por que é tão arrebatador este momento? Por que preenche o meu espaço mais vazio? O que é aquele enfeite? O que me passa aquele cenário? O que desperta no meu ser? É quase a busca de um orgasmo, é tentar ficar toda ali para deixar entrar aquela sensação maravilhosa. É estar alheia de mim, é me deixar e assim poder ser outra uma que fui.
Pego finalmente, capto o seu significado. E sou só alegria, só amor, transbordo em contentamento naquele túnel, naquela tarde, nesta realidade em que vivo agora. Sou feliz.
Volto. Estou outra vez no meu corpo, dona completa de mim, consciente de tudo que faço, da direção. Retomo o meu dia, o meu caminho. Mas sou outra. Estou acrescida, no meu quebra-cabeças, daquele pedacinho que resgatei hoje. Minha paisagem está mais colorida, meu peito mais leve. Sei mais um pedaço de mim. E gosto dele. Gosto do que sou.
Emoção fluindo. Emoção que transborda. Sentimentos à flor da pele: não fragiliza, só fortalece, porque se é mais então.
Dias mais tarde relembro o que vivi. É bom. Estou diferente, sei que estou, gosto de estar mais nova, mais renovada por ter estado em outros ares. E quero prolongar este prazer. Quero traduzir para mim o que captei de mim. E o elo é o enfeite na parede. Uma máscara de porcelana, com fitas de cor clara (acho que azul), com pequenos salpicados de purpurina que completam a peça. Fixo sua imagem e uma energia nova me percorre. Sei o que foi. Sei o que fui naquela vida. Se hoje posso olhar para os outros e me dedicar, é porque já recebi muito antes. Foi uma vida de pura dedicação, de doçura, de delicadeza e carinho. Foi um grande amor, de entrega total, de compromisso, de ser preenchida por alguém, de ser junto com alguém. É um amor que guardo ainda hoje em mim. É uma energia que flui do coração. É uma fonte que jorra incessantemente. Sou eu para o mundo. Sou eu plena e amada. Sou eu só amor. É isso a sensação. É tudo isso que vem quando focalizo o elo/enfeite/ponte para a descoberta do amor.
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Olho para o lado e uma janela se abre em mim. Vejo uma casa. Linda! Janelas envidraçadas, de vidros tão transparentes e molduras delicadas, de cor marfim, que compõem um cenário familiar. Através das janelas posso ver um enfeite na parede que me é fatal. É a ponte que leva para outro tempo. Lembranças? Fragmentos de um passado que está tão vivo em mim. Fico paralisada, como que atingida em cheio no ponto mais vulnerável do meu ser por uma flecha envenenada. E o veneno é doce, sinto este quase torpor.
Continuo seguindo o fluxo dos carros, mantendo a atenção, mas já não estou ali. Estou suspensa, roubada do meu corpo, presa a um momento que quero manter comigo. Quero vivê-lo inteiro, quero saber de onde vem esta sensação, esta alegria que transborda no meu coração e extravasa em lágrimas que embaçam meus olhos.
Tento manter-me ali, naquele passado, naquela casa, tento resgatar o que representa para mim esta visão. O que vivi num lugar assim? Por que é tão arrebatador este momento? Por que preenche o meu espaço mais vazio? O que é aquele enfeite? O que me passa aquele cenário? O que desperta no meu ser? É quase a busca de um orgasmo, é tentar ficar toda ali para deixar entrar aquela sensação maravilhosa. É estar alheia de mim, é me deixar e assim poder ser outra uma que fui.
Pego finalmente, capto o seu significado. E sou só alegria, só amor, transbordo em contentamento naquele túnel, naquela tarde, nesta realidade em que vivo agora. Sou feliz.
Volto. Estou outra vez no meu corpo, dona completa de mim, consciente de tudo que faço, da direção. Retomo o meu dia, o meu caminho. Mas sou outra. Estou acrescida, no meu quebra-cabeças, daquele pedacinho que resgatei hoje. Minha paisagem está mais colorida, meu peito mais leve. Sei mais um pedaço de mim. E gosto dele. Gosto do que sou.
Emoção fluindo. Emoção que transborda. Sentimentos à flor da pele: não fragiliza, só fortalece, porque se é mais então.
Dias mais tarde relembro o que vivi. É bom. Estou diferente, sei que estou, gosto de estar mais nova, mais renovada por ter estado em outros ares. E quero prolongar este prazer. Quero traduzir para mim o que captei de mim. E o elo é o enfeite na parede. Uma máscara de porcelana, com fitas de cor clara (acho que azul), com pequenos salpicados de purpurina que completam a peça. Fixo sua imagem e uma energia nova me percorre. Sei o que foi. Sei o que fui naquela vida. Se hoje posso olhar para os outros e me dedicar, é porque já recebi muito antes. Foi uma vida de pura dedicação, de doçura, de delicadeza e carinho. Foi um grande amor, de entrega total, de compromisso, de ser preenchida por alguém, de ser junto com alguém. É um amor que guardo ainda hoje em mim. É uma energia que flui do coração. É uma fonte que jorra incessantemente. Sou eu para o mundo. Sou eu plena e amada. Sou eu só amor. É isso a sensação. É tudo isso que vem quando focalizo o elo/enfeite/ponte para a descoberta do amor.
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Um comentário:
Muito legal o seu déjà vu! E a forma que você usou para descrevê-lo.
Parabéns!
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