A busca involuntária pela verdade
“O Retrato de Dorian Gray” é intrigante, revoltante,
por vezes detestável, se nos deixamos levar pelas reações que surgem às
atitudes do protagonista. Uma pessoa sem
escrúpulos, se aproveita de um fato inusitado que ocorre em sua vida e permite
que ele esteja mais à vontade para agir da forma amoral que lhe é peculiar.
Ao mesmo tempo, é um livro instigante, questionador
e inesquecível. Todos que o leram,
certamente se colocaram, em algum momento, no lugar de Dorian Gray, e pensaram,
inevitavelmente, como agiriam se tivessem a oportunidade que ele teve. Se pudessem ter liberdade para manifestar seu
lado sombrio sem o risco comum da punição social.
O livro é um teste de caráter para cada leitor:
provoca uma séria discussão com a nossa própria sombra, que inveja um retrato
como aquele e tenta, a todo custo, nos convencer das vantagens de tê-lo.
O retrato, afinal, torna-se nosso. Visitamos nossos desejos mais obscuros, nossas
tendências recalcadas, nossas vontades represadas, nossos pensamentos
proibidos. Oscar Wilde nos faz abrir a
porta de nosso reino abissal, nos obriga a percorrer nossos recantos mais
sombrios, nos faz descobrir um espelho indesejado e olhar profundamente em
nossos próprios olhos, buscando a verdade mais terrível.
Ou não.
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