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domingo, 16 de dezembro de 2012

Tabagismo - por Cármino Caramello


o mar,
fiel adepto do tabagismo,
o faz com largos tragos infinitos,
permitidos apenas para o deleite solitário,
fumo áspero da observância,

de alguém que há eras espera
por doses matinais
de ventos frutíferos e saborosos,
carregados com aromas da estação;

de alguém que espera
pássaros de alma branca
da imensidão das águas
que chegam
com as primeiras notas
brancas de luz,
com penas graciosas
de veludo arbóreo,
sutil e duro

seres distintos, raros
como as árvores de plumagem aérea,
estabelecidas entre as nuvens,
porto e cais
dessas linhagens ancestrais,
estalagem de brisa e migração,
no qual se falam línguas sussurradas,
próprias a esses lugares mágicos
e seus seres cultos de simplicidade;

é a esperada boa nova esquecida
espera por palavras soltas,
livres, de alma limpa e branca,
dançarinas sob chuva divina
de prata, néctar e seiva

velho na varanda do mundo
de esperança calma e crente,
apego voluntário
ao vício do fogo antigo,
às damas de branco
e casamentos em jardins

apenas a vigília
de uma alma velha,
desgastada na umidade,
mais um vício louco,
um apego tosco,

devaneio nostálgico
de uma vida passada,
alucinação profética,
crença particular desacreditada

o esperar de uma
espécime rara,
desconhecida,
inútil,
cansada,
antiquada,
num mundo de pó
e palavras rápidas

apenas maré, hábito cotidiano,
diligência prazerosa

vício voluntário
de um viver,
tão velho quanto
o mundo


 

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