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Eróticos.)




sábado, 5 de setembro de 2009

Cansei-me Daqui - por Leandro M. de Oliveira

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Acontece que estou cansado de inventar coisas que não tenho, de tentar doutrinar em fé que não creio. Quero a espiritualidade do corpo em carne viva, o riso fácil, o ímpeto livre, a comida desregrada. Quero acordar de noite e dormir de dia, andar entre homens apagados como quem caminha em estrelas.

Maldito seja!
Maldito seja!

Quem roubou minhas certezas? Tudo parecia bem enquanto boiava naquele caos, e agora vens a mim como um homem santo. Dê-me cá esse seu deus, vamos enterrar nossos mortos, dê-me todos os seus deuses, messias, arcanjos e demônios. Como quero aniquilá-los! Bem-vindo à época da não inocência. Eu fui aquele que subiu a montanha durante a treva, velei enquanto todos dormiam. No regresso, ofertei meu coração aos homens e aos seus ídolos, tive de vê-lo se partir em mil enquanto as bestas famintas tentavam devorá-lo, intragável, muito acre, mesmo para uma besta. Confiei nos que estavam ao meu redor, não obtive mais que correntes e desenganos. Com uma mão me ofereciam com tantas outras me esvaziavam. É hora de batizar com fogo! Deus, me faça um Deus! Mas eu não sou Deus, eu não sou homem; eu não sou ninguém. Muito embora isso, ainda posso cismar. E é o mínimo que se outorga a um ser desperto em alta noite, ter a própria consciência, ainda que isso o entregue ao abandono. Não tenho pai, mãe, irmãos ou amigos, às vezes ocorre que não tenho a mim mesmo. É essa a última catarse, deixar-se ao abandono.

Não sei!
Não sei!
Mil vezes, Não sei!

Por que violentar o silêncio em sítios de meditação? Cala-te língua traiçoeira! A noite avança e a lua não veio, cala-te depressa. Quem mo dera uma tumba sem lápide, e eu teria a graça dos animais que passam, mas a memória ambiciona em silêncio. Vocês me entretiveram aqui, agora a lama soterra minhas pernas e tronco, como voltar pra casa? Tenho as mãos livres e a cabeça atada, tenho o sol do dia e a perversão em cada célula. O galo canta, o céu se anuvia. Uma menina perde a virgindade, uma mulher perde a vida, o mundo caminha sem sentido como houvesse harmonia na desordem. E eu me sinto insólito e sinto no existir uma lida tresloucada. Onde está o taberneiro, quero em mim a mãe de todas as carraspanas, contudo ergo a taça, não há vinho. Certa vez ouvi dizer, Dionísio perecera no último inverno. Vamos homem! Avante; se ainda há tempo.



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Um comentário:

Ana disse...

INFINDÁVEIS APLAUSOS, DE PÉ!!!!
SIMPLESMENTE O MÁXIMO!