Chegou esfuziante, bochechas rosadas, arfando de ansiedade, louca para me contar a novidade:
- Tia, vou te contar uma coisa, mas não é para falar pro meu pai!
Sem esperar pela minha concordância, continuou, atropelando as palavras:
- Hoje eu dei um beijo num garoto lá da minha sala!
Nessa altura, eu fiquei sem ar, com um olhar apatetado, misto de surpresa e temor. Para não quebrar o encanto, perguntei:
- Ah, é? Parabéns! Foi o seu primeiro beijo, então vamos comemorar!
Agarrei-a pelos braços e desatamos a dançar, como duas doidas, eu querendo que o diálogo logo acabasse e ela propondo-se a dar todos os detalhes.
Continuou ela:
- Tia, foi assim. Aconteceu na festa junina de hoje. O João Pedro me deu um “crokito” e eu disse a ele que ele merecia um beijinho, aí cheguei perto dele e dei um beijo no rosto dele.
Aliviada, perguntei:
- E então, ele gostou?
Ela respondeu:
- Acho que sim, porque ele fez uma cara assim (e representou para mim a cara de felicidade do menino).
Só depois de detalhar tudo se lembrou que devia me fazer prometer não contar para ninguém a façanha.
Santa Inocência! Rara, raríssima hoje em dia, mesmo nas crianças de dez anos.
Saí de perto para deixar minha emoção correr solta...
Visitem Adir Vieira
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2 comentários:
Ainda bem que ainda existe inocência por aí...
É mesmo, Gio: ainda bem...
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