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sexta-feira, 31 de julho de 2009

Histórias Fantásticas - por Marcus Nunes

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Bioy ha sido muy bueno y muy indulgente conmigo.
Él es una persona para la cual mi vida no tiene secretos.
Jorge Luis Borges
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Domingo à noite terminei a leitura de “Histórias Fantásticas”, uma compilação de contos do escritor argentino Adolfo Bioy Casares. Ora, vocês diriam, todo livro de contos é uma compilação. Sim, pequenos gafanhotos, eu concordo. O que quis dizer é que este livro, ao contrário de outros livros de contos, é uma antologia de Bioy Casares. Estes contos foram retirados de outros livros do autor.
Antes que me esqueça, duas observações. Em primeiro lugar, devo elogiar a belíssima edição da Cosac Naïfy: capa dura, ótimo projeto gráfico, resumo dos contos ao final do livro e bibliografia do autor, incluindo os artigos publicados na revista Sur e os livros publicados conjuntamente com outros autores e com pseudônimos. Em segundo, ler Bioy Casares é praticamente uma obrigação para mim. Além de argentino, ele era muito amigo de Borges. Eram amigos a ponto de haver na Argentina um livro de 1664 páginas com os diários escritos por Bioy Casares entre a década de 30 e a de 80, após seus encontros. Este é um dos livros que mais quero ler atualmente.
Não sei se houve alguma influência ente os dois amigos, mas as Histórias Fantásticas de Bioy Casares me lembram muito as de Borges (são mais parecidos entre si do que com Cortazar, por exemplo) no sentido em que tratam o absurdo como algo que poderia ser real. Não fazem como Tolkien ou Lewis; eles são da escola de Poe. Não constroem um mundo totalmente novo para ambientar seus contos. O fantástico em seus mundos é encontrado em um detalhe aqui, outro acolá. É algo que poderia ocorrer facilmente em nosso mundo, desde que observados alguns detalhes.
Ao contrário do que ela afirmou, eu ainda prefiro Borges a Bioy Casares. E o motivo que me faz afirmar isto é o mesmo motivo que a faz afirmar o contrário: Borges é mais conciso. Nos contos borgianos, praticamente não há frase desnecessária. Todas, em maior ou menos grau, são importantes para a história. Isto acaba favorecendo as releituras, pois em cada uma delas descubro novas nuances. Pierre Menard, autor de Quixote, que o diga. Já a estrutura dos contos de Bioy Casares está mais próxima do romance: há trechos que poderiam ser omitidos (sugeridos – adoro esta palavra em narrativas) sem prejuízo. Mas ainda assim ele está muito longe dele ser um escritor for dummies: não são todos os escritores que conseguem supor um mundo onde Cartago venceu as Guerras Púnicas e o País de Gales não existe. E fazer tudo isto ter sentido.
Os primeiros contos do livro são melhores que os últimos. Creio que devido à idade, já que nesta edição estão organizados em ordem cronológica. Dá para notar uma certa perda de qualidade, assim como ocorreu com Borges. Mas perda de qualidade, aqui, como no caso de Borges, significa ir de um nível excepcional para um nível muito bom. Ainda que inferiores aos primeiros, os últimos contos ainda são imperdíveis. Mas quase todos me deixaram de boca aberta: mas então era isso que estava acontecendo?
Eu, como fã de literatura fantástica, recomendo. São contos divertidos, bem escritos, bem traduzidos (as notas são bastante elucidativas) e surpreendentes, merecedores de estarem ao lado dos grandes escritos latino-americanos.



Visitem Marcus Nunes
Edgar Allan Poe, J. R. R. Tolkien.

2 comentários:

Ana disse...

Marcus:
MUITO legal seu comentário!
Puxa! Adorei!
Seja muito bem-vindo!
Apareça mais!
Um abraço.

Ana disse...

Ah! Esqueci de dizer: visitei sua abóbora. Tem de tudo, né? Legal!