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segunda-feira, 4 de maio de 2009

A Surpresa Geral - por Adir Vieira

Aparentemente ele chegou como menino de igreja – serviçal e solícito ao extremo – absolutamente preocupado em atender com a maior presteza aos condôminos do prédio.
Aos poucos foi ganhando a confiança geral e, exercitando sua habitual esperteza, foi se beneficiando de agrados e favorecimentos de grande parte dos habitantes do local.
Sua rotina diária, prescrita pelo síndico, não lhe dava tempo para folgas, pois entre suas tarefas fixas estavam a entrega dos jornais nos apartamentos, a limpeza dos corredores e escadas, a lavagem dos banheiros, o armazenamento do lixo geral e sua retirada para a área de evacuação, além da varrição do pátio e garagens.Não sabemos como, apesar dessa rotina pesada, permanecia fixo, durante quase todo o expediente, no quartinho dos empregados. Via-se que cultivara com muita rapidez a amizade de várias faxineiras que o visitavam em rodízio, ao longo do dia. Tal local situava-se de forma discreta, numa área um pouco retirada, de forma que só alguém bastante curioso e atento iria dar atenção ao fato.
No entanto, um casal de idosos aposentados que fazia de sua varanda sua sala de estar, tamanha a frequência com que o fato se dava, começou a reparar as entradas e saídas das empregadas domésticas no tal quartinho.Umas traziam lanches embrulhados, outras verdadeiros almoços em marmitas, bem como refrigerantes em litro e outras, ainda, camisas nos cabides, passadas com o maior esmero.
Sem chamar a atenção do síndico e de outros empregados, o casal passou a fiscalizar, com insistência, os serviços do tal faxineiro e, de pronto, constatando que deixavam muito a desejar, iniciaram um exército de reclamações em cima do síndico que não lhes deu ouvidos, achando-os por demais exigentes.
Sem as ações positivas esperadas, reuniram-se com um grupo de moradores respeitados e usaram dos livros de reclamações da administração, o que gerou uma assembléia extraordinária onde o grupo conhecedor da questão convocou também os patrões das empregadas domésticas envolvidas.
Posteriormente, os patrões, mediante o que ouviram na assembléia, verificaram armários e despensa de suas casas, constatando grande baixa nos estoques e ao confrontarem contas de energia elétrica comprovaram a elevação dos valores.
Decidiram, quase por unanimidade, dispensar suas empregadas, alegando crise financeira, desemprego etc.
Questionado quanto ao empregado relapso, o síndico não aceitou fazer o mesmo, dizendo que as visitantes eram de maior idade e se ali permaneciam não era culpa do empregado do prédio.
Às indagações de serviço mal feito e vadiagem, respondeu que não eram motivos para demissão.
No entanto, foi grande a devastação e, surpreendentemente, no dia seguinte à reunião, o silêncio era geral no prédio e mesmo quem não compareceu à Assembléia cochichava pelos corredores que algo de muito sério teria acontecido.
Foi aí que ficamos sabendo de um telefonema da Administradora informando sobre o pedido de demissão do faxineiro. Contaram que ele, antes de sair no dia anterior, fez questão de divulgar que era o agenciador do síndico que usava o dinheiro do condomínio, emprestando-o a juros às empregadas e a outras pessoas.
Cada vez mais me convenço de que gente boa e honesta hoje em dia é como agulha em palheiro. Muito difícil de encontrar!



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Um comentário:

Ana disse...

Legal!
Né mole, não!
Beijo.