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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
Eróticos.)




quarta-feira, 20 de maio de 2009

Mimoso, o Gato Feliz - por Adir Vieira

Mimoso era um gato feliz.
Era o único habitante daquela casa grande, além da dona da casa. Dominava tudo enquanto ela estava fora, no trabalho.
Sua rotina era sempre a mesma.
Ao primeiro toque do despertador, espreguiçava-se na almofada verde de veludo, onde dormia, aos pés da cama de Dona Florência. Imediatamente pulava para cima da cama e puxava a colcha, clamando pelos afagos de bom dia. Juntos, seguiam para a cozinha e enquanto a dona da casa ligava o rádio e fervia a água para o café, ficava aninhado aos seus pés, à espera do leite com miolo de pão.
Já sabia o momento de voltar para a almofada, agora colocada no parapeito da janela, quando Dona Florência, pronta para sair, recomendava-lhe a casa e seus pertences.
Ontem, no entanto, sua dona demorou-se na rua mais do que de costume, fazendo com que, à sua chegada, rosnasse e pulasse muito de alegria.
Aquietou-se quando percebeu em suas mãos uma maletinha cheia de furinhos em volta. Ao movimento, ouvia-se um pequeno latido, que mais parecia um lamento.
Mimoso observava sua dona preocupado e triste.
Não deixou de perceber que seus cumprimentos ao chegar foram substituídos pelos cuidados e com a apresentação da casa ao novo bichinho. Os carinhos e agradecimentos que recebia diariamente foram trocados pela busca de um pequeno colchonete que a partir dali seria a cama do Pimposo. Era assim que ela o chamava.
O relato de seu dia de trabalho, contado em detalhes a cada noite a Mimoso, foi feito, sem cerimônia, a Pimposo.
Os dias foram passando e Mimoso, cada vez mais abatido, caiu em depressão, ao ser preterido.
A dona, feliz com a chegada do cãozinho, sequer notou o desatino.
Indignado, Mimoso encheu-se de coragem e decidiu dar o troco.
Pensou em fugir para causar surpresa, mas Dona Florência adivinhou seu esconderijo.
Pensou em fugir de verdade, tentando encontrar outro dono que o quisesse, mas o devolviam à Dona Florência, conhecido que era nas redondezas.
Mimoso não sabia mais o que fazer. Amava sua dona e precisava dos seus dengos de outrora.
Pensou em subir no telhado, ser içado por bombeiros e na vizinhança causar fusuê. Não conseguiu. Desacostumado há tanto tempo com altura, não teve coragem de ir além das janelas. Mais triste ainda ficou com sua incapacidade e também ao sentir que Dona Florência sequer se dava conta de suas artimanhas.
Se os vizinhos notavam Mimoso cabisbaixo e indagavam a Dona Florência sobre o que se passava, ela respondia que a sardinha do almoço havia-lhe feito mal.
Enquanto isso, Pimposo ia crescendo garboso, com seu pelo branco cada vez mais aveludado.
Dia a dia ia nascendo em Mimoso a raiva natural do ciúme.
Domingo chegou e uma buzina de carro chamou a atenção de todos.
Uma menina, acompanhada de sua mãe, saltou do carro e, de braços abertos, correu em direção a Pimposo, que lhe cobria freneticamente o rosto com suas lambidas carinhosas.
Dona Florência, vindo de dentro com a maletinha, paninhos, escova, sabão e ração nas mãos, entregou-os à mãe da menina que, entre abraços e agradecimentos, levou Pimposo embora.
Só então Mimoso tudo compreendeu.
Nesse momento tambores tocavam dentro de sua cabecinha e fogos de artifício desfilavam frente aos seus olhos, fazendo-o feliz de novo.
Só aí viu que sua dona olhava para ele dizendo:
– “Agora só nós de novo, heim, Mimoso?”
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Visitem Adir Vieira
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Um comentário:

Ana disse...

Gracinha!
Amei!
Beijo!