Batendo bem devagar,
Quietinho, tão cansado,
Falta pouco pra parar.
Tudo começou assim,
Com uma agonia danada,
Tremendo desassossego...
O motivo? Era nada...
Nada me acontecera,
Nenhuma desilusão,
Nada de problema novo
No meu velho coração.
Mas fui desassossegando
Cada vez mais e demais.
Minha vida só suspiros,
Lamentos, dores e ais.
Os olhos fitando o nada,
O corpo sem se mover.
Uma depressão terrível!
Tinha nada o que querer.
Olhava a casa, as pessoas,
A TV, fotos, paisagens,
Mas tudo era esquisito...
Eu via como miragens.
Pois é, fui parando aos poucos
Até ficar só deitado
Sem lembranças, pensamentos,
Sem futuro, sem passado.
Até que um dia entendi
O que me acontecia:
Olhei para o lado e vi
A Morte, em nada sombria.
Ela me disse baixinho,
Num leve sopro de voz:
- “Venha comigo, querido,
Venha e junte-se a nós.
Acalme seu coração
Que anda tão abalado.
Vim te levar daqui,
Vamos para o outro lado.”
Deixei a vida devagar,
Ligeiramente assustado,
Mas onde estou nunca mais
Vivi desassossegado.
Inspirado em “Desassossegado”, de Marcello Amorim.
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4 comentários:
Que bacANA!!!!
Como sempre.
PARABÉNS!!
Que peninha!
que medo!
ai,ai,ai!
Casé!
Este elogio foi legal! rsrs
Agradeço e aproveito para dizer que sou sua fã MESMO e estou sentindo falta de seus posts por aqui.
Você escreve lindamente!
Um grande abraço.
Diza:
Valeu pelo comentário! rsrs
Beijo!
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