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quinta-feira, 26 de março de 2009

Ornitorrinco - por Luiz de Almeida Neto

A velha estória do cara que conta essas coisas
Nosso Senhor é um sujeito engraçado,
ou talvez nós é que achemos graça
em coisas demais.

A velha saga de abrir a boca,
ou de pegar um lápis,
que já é mais gasta
que a profissão mais antiga do mundo,
e ainda não possui sindicato.

Alguns gostariam de ter vivido os anos 60, outros os 70, os 80 e por aí vai. De minha parte eu gostaria de estar no tempo daqueles homenzinhos da caverna, todo vestidinho e agasalhado com aquelas peles de tigres dentes-de-sabre, sem cueca e com um porrete daquele estiloso, subindo em árvores e fugindo de leões, disputando com marrecos (de acordo com meu potencial ofensivo) o meu alimento.

A velha saga da humanidade,
ter que brigar o dia inteiro
pra ter o que comer,
e à noite,
quando todos os outros bichos
se põem a dormir,
lá está ele,
fazendo aquelas pinturas
em paredes de cavernas.

E lá estaria eu também. Com o cabelo grande e sebento, batendo na cintura, pois não sei se naquela época já haviam inventado a calvície, pintando meu próprio cantinho de parede, tentando expressar ali minha devoção a alguma coisa, ou a batalha de mais cedo. Batalhas memoráveis com o marreco, que eu pintaria tal qual rinoceronte, para me florear.

A eterna disputa do ser humano
de si para si mesmo
de provar para ele mesmo
que é melhor que qualquer um outro
que é melhor que ele mesmo.

Mas nada nisso é realmente o que me interessaria nessa época, até porque tudo isso eu posso fazer em qualquer era, salvo alguns raros questionamentos referentes à minha sanidade.
O que eu queria mesmo era ver o momento exato em que meu amigo, Australopithecus ramidaes ailusorius, e ele faz questão do nome completo, não admite apelidos, quebrasse o silêncio, fizesse força e conseguisse dizer, tal qual a maior invenção dos séculos, a primeira palavra, algo como: “Uh-Uh-agh-alálá”, ao que eu responderia, com lágrimas nos olhos: “Ag-Uh-Lá-Lulálá”, e enfim participaria eu do parto das palavras, da concepção da segunda forma mais bela de expressão da alma humana (a primeira é o batuque) e da melhor forma de expressão das ideias.

A eterna busca do ser humano:
estrebuchar.
.

2 comentários:

Anônimo disse...

Luiz:
DEMAIS!
ADOREI!
Ri muito!

alba disse...

Hilário!!! Ri muito. Muito bom!!!