Dom Casmurro - Machado de Assis
Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis
“Precisei exorcizar Machado dos traumas obrigatórios escolares. Lendo Memórias Póstumas de Brás Cubas, pela primeira vez passei a fazer digressões sérias sobre a hipocrisia humana. Uma pessoa morta não deve nada a ninguém, pode falar o que quiser sem as máscaras da falsidade.
Eu acho ótimo também como ele consegue colocar Bentinho como um grande idiota, revelando a superioridade de Capitu. Para mim, o grande barato neste livro não é se Capitu o traiu, mas sim a grande incapacidade de Bentinho amar e aceitar o domínio de Capitu sobre ele.
O capítulo do primeiro beijo entre os dois é a sutileza mais latente: ela o domina, toma a iniciativa, eles se beijam loucamente, e ela ainda consegue se mostrar segura para mentir quando a mãe adentra a sala: Mamãe você viu o que este senhor cabeleireiro fez com meus cabelos? Isso!
E Bentinho, amuado, trôpego, arremessado no canto da parede, denunciando o que fez, percebe que Capitu é muito mais mulher do que ele é homem.
Adoro essa capacidade de Machado de criar personagens tão densos. Mas como disse: é necessário se afastar do trauma da escola e ler Machado com prazer.”
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Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis
“Precisei exorcizar Machado dos traumas obrigatórios escolares. Lendo Memórias Póstumas de Brás Cubas, pela primeira vez passei a fazer digressões sérias sobre a hipocrisia humana. Uma pessoa morta não deve nada a ninguém, pode falar o que quiser sem as máscaras da falsidade.
Eu acho ótimo também como ele consegue colocar Bentinho como um grande idiota, revelando a superioridade de Capitu. Para mim, o grande barato neste livro não é se Capitu o traiu, mas sim a grande incapacidade de Bentinho amar e aceitar o domínio de Capitu sobre ele.
O capítulo do primeiro beijo entre os dois é a sutileza mais latente: ela o domina, toma a iniciativa, eles se beijam loucamente, e ela ainda consegue se mostrar segura para mentir quando a mãe adentra a sala: Mamãe você viu o que este senhor cabeleireiro fez com meus cabelos? Isso!
E Bentinho, amuado, trôpego, arremessado no canto da parede, denunciando o que fez, percebe que Capitu é muito mais mulher do que ele é homem.
Adoro essa capacidade de Machado de criar personagens tão densos. Mas como disse: é necessário se afastar do trauma da escola e ler Machado com prazer.”
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2 comentários:
Bem, Bruno, vamos conversar aqui na salinha branquinha deste aprazível lugar, como se estivéssemos todos sentados às mesinhas de um liter café...
Como eu disse que não gostava de Machado, quero esclarecer que eu não fui traumatizada pela escola, já que o conheci antes de os professores mo apresentarem (ai, baixou o Machadão! rsrs). Não que eu ache que você está se referindo a minha postagem em seu texto, estou só esclarecendo.
Se você ficou traumatizado com ele, com certeza teve duas razões: a escola (como você diz) e o próprio! (rsrs)
Ele é chato! Muito chato! CHATO, CHATO, CHATÉRRIMO! Não dá pra gostar de ler, não flui... O Machado é marrom, pesado de descrições, chatão mesmo. Você interrompe a leitura sem pena, volta a ele pra terminar logo aquela chatice de salas não sei como, móveis não sei de quê, janelas não sei pra onde, enfeites não sei de quem.
Admiro o português, claro! Mas não compensa...
Está certo que você fisgou uma passagem que te marcou e que pode até ter sido interessante, como há coisas interessantes em "O Alienista", por exemplo, mas são poucas...
Machado com prazer? Ainda tou pra ver... Mas eu é que não vou ler... rsrs
Quanto ao outrozinho aí... ARGH! Mil vezes!
E agora eu tenho que ir, porque eu já tô atrasada.
Pode deixar que eu pago a conta.
Garçom!
Oi, Ana, o café quem paga hoje sou eu!
Eu ainda, com toda essa chatice, adoro Machado de Assis. O ritmo de leitura dele é diferente da prosa moderna, da qual me identifico mais, com seu seu ritmo mais dinâmico e cheio de reviravoltas e surpresas.
Outro momento que amei Machado: Memórias Póstumas de Brás Cubas. O cara parte do princípio de que está morto e não deve nada a ninguém. E passa a desnudar o ser humano com uma realidade absurda. No trecho em que Brás é salvo por um almocreve, e vai aos poucos querendo recompensá-lo com moedas de ouro, vai se arrependendo até dá míseros trocados. Como somos podres às vezes! (digo a humanidade)
Por isso gosto dele. O conto da Missa do Galo é muito bom, diria genial. Sei que você não gosta desse detalhismo todo de Machado, mas ao ler este conto eu conseguia imaginar uma linda mulher madura e sensual, como se ela existisse de verdade, e me sentia um garoto bobo sendo quase engolido por ela. As brincadeiras que ele faz em textos aparentemente despretensiosos como Teoria do Medalhão, onde o pai ensina o filho de 18 anos a conquistar o sucesso puxando o saco das pessoas, são irônicas e divertidas; a crítica ácida ao romantismo em Miss Dolly, através de uma história de romance por interesse bem diferente de Senhora, de José de Alencar, mostra que melhor do que o perdão romântico açucarado é o desprezo eterno.
Bom esse papo está muito bom, esse café expresso está muito gostoso e de aroma forte. Adorei seu vestido bordado, mas tenho que voltar pra minha vidinha ordinária. Um grande beijo! E da próxima vez que eu te oferecer um café e você pedir pingado no leite, vou fazer igual ao Olímpico da Macabéa: Se você pagar a diferença...
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