Os receios de criança
que persistem em nossas vidas
são lixos a jogar fora…
Vide a estrada percorrida:
seu corpo cresceu, mudou,
você amadureceu
em outros tantos aspectos
dentro do seu próprio eu;
passou por problemas diversos
com coragem os enfrentou;
sofreu com tristezas, perdas…
e com força as encarou;
cresceu profissionalmente
às custas do próprio valor;
ajudou tantas pessoas
com carinho e com amor.
Foi crescendo no tamanho
sem perceber que, a seu lado,
há uma menina pequena
que precisa de cuidado
e arrasta, pesadamente,
com as pequenas mãos feridas,
temores, medos, pavores
que lhes dificultam a vida.
Por vezes ela te domina
com seu pessimismo aprendido,
isto arrasa a alegria,
faz tudo perder o sentido.
Ela não pode influenciar,
você nela não deve crer;
pare, adulta, para ouvi-la,
para que ela possa viver
leve, como veio ao mundo,
alegre, feliz, satisfeita,
risonha e brincalhona,
uma criança perfeita.
Coloque a menina no colo,
cuide dela, beije, abrace,
console, acalente, sorria,
olhando-a face a face.
Diga que tudo passou,
“Das tristezas cuido eu,
cuido das dificuldades,
cicatrizo onde doeu”.
A ela cabe sorrir,
confiar na sua ação
assertiva nos momentos
em que lhes faltar o chão.
Diga a ela que aqui,
nesta terra de humanos,
há problemas, coisas boas,
sortes e desenganos,
mas que você constrói os dias
da melhor forma possível:
semeando alegrias,
afastando o que é terrível.
Se bobagens vêm à porta,
entrando sem permissão,
você cuidará de tudo,
pois esta é a sua função.
Que você sabe, convicta,
que cada pessoa uma vida;
as dores que são dos outros
não pertencem à sua lida.
Que você ajuda, se pode,
apóia, se for aceita,
colabora, tão amiga,
não faz corpo mole, não “deita”.
Mas que se algum mal surgir
dizendo respeito a vocês,
ela estará protegida
em seus braços, desta vez.
Desta vez e em outras tantas,
sempre que precisar,
pois adultos são pra isso:
defender e amparar.
Diga a ela que crianças
não devem se preocupar,
diga que não faz sentido
e explique, pra confirmar:
“Por que vai se preocupar
se o caso tem solução?
E por que se preocupar
Se é sem resolução?
É coisa tão sem propósito,
isto de preocupação…”
Esclareça a garotinha…
Acalme seu coração…
Depois de tranqüilizá-la
com todo afeto e calor,
faça uma coisa por ela,
definitiva, por favor:
desembarace a pequena
da tristeza do seu fardo,
jogue fora, de uma vez,
aquele lixo pesado.
Libere as suas mãozinhas,
cuide de seus ferimentos,
trate bem sua criança
e use bastante ungüento.
Depois de passado um tempo,
quando ela estiver curada,
toda boba, saltitante,
sentindo-se tão amada,
agradecendo com olhares,
te esticando os bracinhos,
pedindo colo, dengosa,
quando cansar no caminho,
te fazendo mil gracinhas,
sorrindo o tempo inteirinho,
te afogando em abraços,
te enchendo de beijinhos…
chame-a pra, com você,
novo hábito iniciar:
passar os dias da folhinha
sem temer o que virá.
Assim seguirá a vida,
mais tranqüila, finalmente,
envolta em felicidade
e segurança… plenamente.
.
Someday I’ll Love Ocean Vuong / Um dia amarei Ocean Vuong [Ocean Vuong]
-
*Beautiful photomechanical prints of Lotus Flowers (1887–1897) by Ogawa
Kazumasa.*
Ocean, não tenha medo.
O fim da estrada é tão distante
que ela já ...
2 comentários:
Comentário por Luiz de Almeida Neto — 22 dezembro 2008 @ 18:31
O uso desse tipo de rima inocente tem tudo a ver com a temática presente. Hheheheheheh. Ficou bom esse texto. Parabéns.
Comentário por Ana — 22 dezembro 2008 @ 23:38
Thanks.
Postar um comentário