Repressão, injustiça, perseguição, enorme limitação
de direitos civis, censura, violência... Ditadura.
Neste período crescemos eu, Gabeira e milhões de
brasileiros. Apenas ouvíamos falar de
pluripartidarismo; não sabíamos o que era manifestação política; não
conhecíamos liberdade de expressão; não vivíamos cidadania. Nossos colegas de escola participavam de
grupos de esquerda, aprendiam a atirar ao invés de namorar, liam Marx ao invés
dos românticos, não iniciavam amizades pois poderiam incriminar estudantes
inocentes. Nós não andávamos à noite,
pois poderíamos ser parados pela polícia e levados à delegacia (ou pior);
nossos professores não discutiam problemas brasileiros, não se envolviam com os
alunos, pois qualquer um poderia ser um espião do governo. Crescemos num ambiente de medo, de silêncio,
de desconfiança, de proibições.
E é esta realidade que Gabeira relata, a partir da
visão de quem combateu o regime militar durante os anos de chumbo. Ele mostra a juventude quixotesca, trancada
em “aparelhos”, empenhada em planejamentos subversivos, guiada pela esperança
ideológica, solitária em seus pequenos grupos esparsos. Mostra pessoas que, em meio a este cotidiano,
amaram, sofreram, morreram... Porém, mais do que qualquer outra coisa, sonharam
com uma vitória impossível.
.Karl Marx
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