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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Aedo Cibernético: De Frente pro Crime - por Cacá

.......O ônibus seguia naquela desembestada fúria que é habitual e os passageiros naquela indiferença habitual também. Ninguém mais liga a não ser em seu olhar perdido na falta de horizonte; a não ser os ouvidos no seu mp3, mp4, esses sonzinhos de espantar tédio que carregamos por aí em vez de um papo com alguém que encurte a viagem; a não ser também se houver uma batida. Aí lembram do motorista.
.......Pois foi passando exatamente em frente ao corpo de bombeiros que alguém avistou um corpo civil estendido no chão. Mais de uma voz ao mesmo tempo gritou: - Olha lá, tem um homem morto ali! O outro coro, nervoso, já vociferava com o habitual mau humor: - Essas brincadeiras de 1º de abril não pegam mais, não! Mas era de verdade. O corpo estava lá, para a habitual observação indiferente de quem passava. Tem uma ação coletiva e disputada, que não é de mentira. A de chamar o resgate. 192, 193 e está cumprida a nossa cidadania de pedra. Todos querem ser o primeiro. Mas o corpo continua lá, frio, no 1º de abril e nos outros dias da verdade dura. Com pressa, foi cada um pro seu lado.



DE FRENTE PRO CRIME
...........(João Bosco e Aldir Blanc)

Tá lá o corpo estendido no chão
Em vez de rosto uma foto de um gol
Em vez de reza uma praga de alguém
E um silêncio servindo de amém...

O bar mais perto depressa lotou
Malandro junto com trabalhador
Um homem subiu na mesa do bar
E fez discurso prá vereador...

Veio o camelô vender
Anel, cordão, perfume barato
Baiana prá fazer pastel
E um bom churrasco de gato

Quatro horas da manhã baixou
O santo na porta bandeira
E a moçada resolveu parar,
E então...

Tá lá o corpo estendido no chão
Em vez de rosto uma foto de um gol
Em vez de reza uma praga de alguém
E um silêncio servindo de amém...

Sem pressa foi cada um pro seu lado
Pensando numa mulher ou no time
Olhei o corpo no chão e fechei
Minha janela de frente pro crime...

Veio o camelô vender
Anel, cordão, perfume barato
Baiana prá fazer pastel
E um bom churrasco de gato

Quatro horas da manhã baixou
O santo na porta bandeira
E a moçada resolveu parar,
E então...

Tá lá o corpo estendido no chão...
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*Na Antiguidade, como a escrita era pouco desenvolvida, o AEDO cantava as histórias que iam passando de geração para geração através da música. Depois, veio o seu assemelhado na Idade Média, que era o trovador. Hoje, juntado tudo isso com a tecnologia, criei o AEDO CIBERNÉTICO.
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Um comentário:

Ana disse...

Cacá:
Realmente, a indiferença e a omissão são os piores defeitos da humanidade...
Abraço.