Há momentos em que somos tão sutis quanto uma manada de elefantes em fuga; mas o pior é quando isto acontece sem intenção. São as metáforas hilariantemente inspiradas e repentinas, aqueles insights originais que te fazem rolar por dentro e você fica doido pra dividir com o outro, aquela crítica cáustica que intrigou até a você mesmo pela perspicácia... Aí você abre a boca e, consequentemente, surge aquele abismo enorme entre você e o interlocutor. Onde eram esperados risos e opiniões, há apenas silêncio deprimido ou acusatório (quando não a própria acusação), e você percebe que deveria saber de algo que não lhe ocorre de forma alguma, você sente que falta alguma informação fundamental. Você acessa todos os arquivos mentais possíveis, desesperadamente, mas o seu mentel não te socore. Então só resta encarar a dura constatação: você deu um fora daqueles! Já era. Foi-se tudo por ralo abaixo: a conversa, a alegria, a empatia e, se duvidar, até mesmo a relação. Aquela se torna uma pessoa do outro lado de um fosso infinitamente profundo, que não permite pontes e ignora seus amigáveis sinais de fumaça. A vaca foi, definitivamente, pro brejo. Na carreira, com os tais elefantes...
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Um comentário:
Que ideia boa essa de duelo literário!!! Vou participar quando eu tiver mais tempo... fantástico.
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