Existe uma gama de espíritos inferiores, os ressentidos e mal situados no fluxo da vida. Esses tentam a todo custo justificar o ato de existir com indulgências mentirosas e palavras construídas sob a égide da hipocrisia. Relutam incessantemente a tomar nas mãos o que a vida lhes deu de forma gratuita, e pagam o mais alto preço para que renunciem ao bem que lhes persegue em favor de alguém que julgam mais necessitados. Esses homens de sal, essas pessoas sem cor fazem isso não por caridade em seu sentido lato, mas antes para autoglorificarem-se. Absortos que estão, não percebem que o tempo é veloz e que a vida não hesita em tirar num dia aquilo que deu em outro. Preferem as penas aos horizontes, as lágrimas ao riso, isso não é apenas irracional, é uma blasfêmia contra a vida. Julgar que a esquiva do mundo por si só é uma forma de melhora, de elevação. E esses ditos puros nos olham do alto de suas torres de papel, imaginam em suas cabeças “Como sofrem essas pobres formiguinhas, tenho pena delas...” Homens puros eu vos abomino! Um homem desses poder-se-ia dizer um novo Prometeu, mas isso seria insidioso, esses grandes de outrora nunca aspiraram à própria grandeza, compará-los como desejam é dar vazão à mãe de todas as insídias. Todavia, a segunda espécie de homens, a dos Homens livres, em nada se coaduna com esse ideal de autoflagelo voluntário. O Homem livre ama a vida, a sua busca última é a realização plena. Ele é uma aspiração da vida por si mesma. Enquanto o ressentido diz, “você foi estigmatizado pelo pecado, arrependa-se!” O Homem livre diz, “a ti foi entregue o dom supremo, a medida de compaixão da vida que lhe permite recomeçar sempre, não importando tua falta consigo mesmo, celebre!”
A diferença básica entre esses dois tipos de seres reside sobretudo no radical de cada um, isto é, na raiz da crença de vida em cada um. O ressentido, aquele que teceu o próprio açoite, persegue o pecado original, luta incessantemente para dar testemunho de seu arrependimento por algo que nem ele e nem mesmo um antepassado distante cometeu. Aceita a hipótese em que pela privação de todos os prazeres torna-se muito superior, gosta de fantasiar em seu ego que a incapacidade que possui de apreciar a vida e sua pena por si mesmo podem levá-lo a um a um estado de sublimação ímpar. Todavia, o homem livre, aquele algo além que deve ser a busca última da humanidade não é apenas conflitante com esse indivíduo mas, com efeito, diametralmente oposto. Ele crê num conceito revolucionário, uma forma de ver que desafia toda a religião, toda a ordem social e qualquer outra sorte de apologia ao se sentir escravo criada para justificar a condição humana. O homem livre crê na pureza original, no viver a partir do coração, não importando o quanto esdrúxulo isso pareça. Ele descarta as palavras “feio”, “proibido”, “impossível”. Abomina a tradição do nosso tempo, essa culpa incriada, que foi nossa muleta ao sentirmos tanta pena de nós mesmos. Ele diz: “Lance fora essas escoras, deixe de andar como aleijo!”.
A diferença básica entre esses dois tipos de seres reside sobretudo no radical de cada um, isto é, na raiz da crença de vida em cada um. O ressentido, aquele que teceu o próprio açoite, persegue o pecado original, luta incessantemente para dar testemunho de seu arrependimento por algo que nem ele e nem mesmo um antepassado distante cometeu. Aceita a hipótese em que pela privação de todos os prazeres torna-se muito superior, gosta de fantasiar em seu ego que a incapacidade que possui de apreciar a vida e sua pena por si mesmo podem levá-lo a um a um estado de sublimação ímpar. Todavia, o homem livre, aquele algo além que deve ser a busca última da humanidade não é apenas conflitante com esse indivíduo mas, com efeito, diametralmente oposto. Ele crê num conceito revolucionário, uma forma de ver que desafia toda a religião, toda a ordem social e qualquer outra sorte de apologia ao se sentir escravo criada para justificar a condição humana. O homem livre crê na pureza original, no viver a partir do coração, não importando o quanto esdrúxulo isso pareça. Ele descarta as palavras “feio”, “proibido”, “impossível”. Abomina a tradição do nosso tempo, essa culpa incriada, que foi nossa muleta ao sentirmos tanta pena de nós mesmos. Ele diz: “Lance fora essas escoras, deixe de andar como aleijo!”.
Visitem Leandro M. de Oliveira
.
Um comentário:
Leandro:
Você é adoravelmente soturno!
Adoro seus textos!
Um abraço!
Postar um comentário