Desciam os abutres das nuvens
Em voos rasantes sobre nós:
Fileira crua de retirantes,
Muitos passos, nenhuma voz.
Só há um caminho à frente
Indo sei lá pra onde,
Vindo de lugar nenhum,
Talvez onde a morte se esconde.
Da convivência com ela
Tanto tempo, sem descanso,
Estamos a arriscar
Aportar em outro canto.
O que buscamos não sei,
Acho que aqui ninguém sabe...
Tantos dias sem comer,
O pensar já não nos cabe.
Andamos para outro lugar
Buscando apenas distância
De momentos entristecidos
Que dizimaram a infância
De um vilarejo esquecido
Entre o vazio e o nada,
Formado por alguns casebres,
Sem vegetação ou estrada.
Por isto não foi difícil
Abandonar o abandono,
Seguir para outro destino
Dentro do mesmo longo sono.
Sono perpétuo sem sonhos,
Sono que nos leva alhures,
Sono enviado da morte
Para alimentar os abutres.
.
Someday I’ll Love Ocean Vuong / Um dia amarei Ocean Vuong [Ocean Vuong]
-
*Beautiful photomechanical prints of Lotus Flowers (1887–1897) by Ogawa
Kazumasa.*
Ocean, não tenha medo.
O fim da estrada é tão distante
que ela já ...
5 comentários:
Querida Ana
Lindíssima tua poesia... nos faz pensar...
Mais uma minha para postares...
Estou me sentido só...
Estou me sentindo só...
O meu mundo esta demais silencioso...
Não consigo conversar nem com meu coração...
Ele também não quer falar comigo...
É noite escura... nem estrelas...
Tenho medo de mim...
O vento faz barulho... sopra forte
Sem controle... minhas lagrimas rolam
Não quero mais me iludir...
Vou parar de perseguir sonhos...
O dia a dia esta muito pesado...
Estou cansada de lutar...
Meus desejos continuam a me perseguir...
Tenho que deles também me libertar...
Única maneira de eliminar a amargura
Dos restos que ficaram no meu coração...
Não quero mais amar...
Fica quieto coração...
Até agora só sobeste me cobrar...
Sempre fui culpada por seres rejeitado...
Vamos nos unir... ficar quietinhos... escondidos da dor...
Se um dia... nossas feridas cicatrizarem...
E se... ainda tivermos tempo...
Quem sabe... poderemos até ensaiar um recomeçar...
Voltar a sorrir de mansinho...
Vamos ter que ser quer muito amigos...
Teremos que ser muito unidos...
Nunca mais... nunca mais mesmo...
Vou te entregar... Meu Coração...
(Manhosa)
09/11/2007
Bruto, cru e verdadeiro... Um pouco de lucidez no mundo mágico da poesia =D
Obrigada, Manhosa!
Bom ter você aqui de novo!
Beijo!
Obrigada também, Gio!
:)
Ana novamente arrasando na poesia. Versos enxutos de quem aprofunda sempre e fala com propriedade sobre qualquer tema. MARAVILHA!
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