Horas
tantas,
uma
voz misteriosa se levanta.
Cava,
profunda, concentrada.
Altissonante,
impressionante, enfeitiçada.
Escura,
turva, convincente.
Falando
coisas do futuro,
do que
acontecerá no "mais pra frente".
Pisando
duro.
Nauseando
a tontura.
Sussurrando... assustadoramente...
Horas tantas,
a voz
misteriosa e acachapante
não
diz nada otimista, interessante.
Ecoando
na escuridão absoluta
apenas
intimida e condena.
Grita
solitária sua certeza absoluta,
maltratando
a inteligência
sem
nenhuma pena.
Horas tantas...
Que
não passam, não acabam.
Uma
danação eterna, essa voz,
improdutiva, autoritária
e algoz.
Uma
voz impositiva,
de
tonalidade arbitrária
que
comanda a todos e é veloz...
Horas tantas,
sacrificadas
prisioneiras dessa voz,
cruel
e carcereira,
que
adensa, imprensa e incendeia
o
ânimo e o espírito,
dor
atroz.
Essa voz,
que
anuncia e pressagia o destino,
o
final e a fantasia
do que
somos...
e
seremos...
todos
nós.
[Adhemar - São Paulo, 07/10/2018]
Nenhum comentário:
Postar um comentário