Considero este post inesquecível, pois, como tudo que Alba escreve, traz reflexões profundas a respeito do comportamento humano e das escolhas que fazemos. Mas este é especial porque trata deste tema com muita sensibilidade. Adorei.
AO FILHO QUE NÃO NASCEU
(ALBA VIEIRA)
Você veio.
Eu não te pensei.
Portanto, não te espero.
Nem mesmo sei se te quero.
Te sinto? Será?
Não há tempo.
Você cresce rápido.
E os outros? E a minha vida?
Eu, sempre eu.
E meus medos e inseguranças.
Penso logo, ajo ainda mais rápido.
Encontro cúmplices tão cegos quanto eu.
Que pensam e só pensam.
E não sentem como tu sentes.
Não se responsabilizam.
Apenas anuem e colaboram.
Um dia também eles se darão conta.
Desenho um plano perfeito,
penso que não deixarei marcas.
Ledo engano:
desde o primeiro momento em que te rejeito
sulco em mim gretas profundas.
E quanto mais se avoluma teu desamparo e cresce tua dor,
piores e mais profundas as cicatrizes em mim.
Porque pensando sobre o que não posso,
sobre o que com certeza não terei forças para enfrentar,
não sinto a força que já tu me dás sem nada pedir em troca,
posto que teu sustento já vem contigo.
Teu destino antes combinado será traído por mim.
As marcas em mim pelo desatino
irão além do corpo, certamente.
Porque sentindo, mesmo anestesiada, a dor do teu agonizar,
minha essência será sacudida pelo vendaval da culpa
que deixará marcas profundas no meu corpo, sim,
mas muito menores que aquelas que estarão
no curso de minha existência empobrecida pela tua falta.
Hoje, minha consciência tardia te pede perdão por haver te abortado.
AO FILHO QUE NÃO NASCEU
(ALBA VIEIRA)
Você veio.
Eu não te pensei.
Portanto, não te espero.
Nem mesmo sei se te quero.
Te sinto? Será?
Não há tempo.
Você cresce rápido.
E os outros? E a minha vida?
Eu, sempre eu.
E meus medos e inseguranças.
Penso logo, ajo ainda mais rápido.
Encontro cúmplices tão cegos quanto eu.
Que pensam e só pensam.
E não sentem como tu sentes.
Não se responsabilizam.
Apenas anuem e colaboram.
Um dia também eles se darão conta.
Desenho um plano perfeito,
penso que não deixarei marcas.
Ledo engano:
desde o primeiro momento em que te rejeito
sulco em mim gretas profundas.
E quanto mais se avoluma teu desamparo e cresce tua dor,
piores e mais profundas as cicatrizes em mim.
Porque pensando sobre o que não posso,
sobre o que com certeza não terei forças para enfrentar,
não sinto a força que já tu me dás sem nada pedir em troca,
posto que teu sustento já vem contigo.
Teu destino antes combinado será traído por mim.
As marcas em mim pelo desatino
irão além do corpo, certamente.
Porque sentindo, mesmo anestesiada, a dor do teu agonizar,
minha essência será sacudida pelo vendaval da culpa
que deixará marcas profundas no meu corpo, sim,
mas muito menores que aquelas que estarão
no curso de minha existência empobrecida pela tua falta.
Hoje, minha consciência tardia te pede perdão por haver te abortado.
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