Creative Commons License


Bem-vindo ao Duelos!
Valeu a visita!
Deixe seu comentário!
Um grande abraço a todos!
(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
Eróticos.)




sábado, 28 de março de 2009

Livre, Intrigada e Vingada - por Ana

Oba! Ganhei habeas corpus!
Quem me prendeu me soltou!
Já estou livre, galera!
A Escrevinha decretou!

(Vamos aqui pro cantinho,
Pra conversar em surdina...
Estou meio preocupada
Com a condição desta menina...

Primeiro vou pontuar:
O pai também é sagrado
E ela não se pronunciou
Quando, num verso irado,

Eu também soltei o verbo...
Não ouvi nenhum lamento
Por responder à ninjíndia
Xingando-lhe o pai de jumento.

Então vou falar uma coisa
Que é bastante delicada,
Não deixem Escrevinha saber,
Ela pode ficar magoada...

Não é algo muito esquisito?
Singular esta pessoa...
Numa hora me encarcera,
Na outra me solta na boa...
.


Não me impingiu um contrato!...
Não me cobrou honorários!...
Por favor, não contem a ela,
Este troço é temerário!
.

Tenho dois fortes palpites,
Com vocês serei sincera:
Pode ser que ela seja
Uma alma de outra esfera!

Será que esbarrei com um anjo
Que é tão bom que nem sei?...
Ou será verdadeira outra hipótese
Que agora aqui exporei?

Por acaso vocês viram
“Como Se Fosse a Primeira Vez”
Ou então “Procurando Nemo”?
São exemplos que deixo a vocês...

É que está meio confuso,
Coisa trágica e hilária...
Acho que esta moça sofre
De amnésia temporária...

Acho que esquece das coisas,
Perdeu a memória recente.
É melhor não mexer nisso...
Vou continuar normalmente.)
.
Valeu, minha grande amiga!
Agora tu foi legal!
Nada como conhecer
Uma baita profissional!

Quando viu minha desdita,
Veio logo socorrer!
Na cadeia eu morreria,
Se não fosse por você!

Já estava até rotulada
De presidiária por aqui.
Passei vexame de novo!
Vermelha como um caqui.

Eu já tinha até começado
Versinhos lá na prisão,
Pra enviar a vocês.
Aqui vão, em primeira mão:

“Quem quiser me visitar,
Eu recebo com prazer...
Detenta resignada,
Tenho nada pra fazer...

Vou aproveitar e escrever
Mais quadrinhas no exílio,
Pro tempo passar depressa
Nas masmorras do castigo.

Ao longo dos dias terei
Pra contar, muitas histórias,
Do cárcere mando a vocês
Um pouco das minhas memórias.”

Estava toda animada,
Ia escrever bem bacana,
Já estava até pensando
Em assinar GraciliAna...

Quando estava assim sonhando,
O carcereiro veio à cela,
Fez um suspense danado
Antes de abrir a tramela:

Olhou para nós lá dentro,
Com aquele olhar de vampiro,
Fingi que nem tava vendo,
Fiz que não era comigo.

De repente, com voz firme,
Chamou: “Ana Samurai!”
Todo mundo então me olhou.
“Vocês ficam, ela sai.”

Saí sem saber porquê,
Torci pra ser coisa boa,
Fui bem quietinha atrás dele,
Que temporal não é garoa.

Diante do delegado,
Tremia que nem vara verde,
Pensei: “Mais uma denúncia!
Tô embolada nessa rede!”

Lembrei que há um tempo atrás
Xinguei a avó da xavante.
“Mãe da mãe! Eu tô ferrada!
Não há monge que me levante!

Se xingar mãe dá cadeia,
Xingar avó dá o quê?!!!
Avó é mãe ao quadrado!...
Vou ver assim o sol nascer!

Acabou-se a minha vida,
Dou adeus ao laptop...
Se eu jogo restos na pia,
Com certeza ela entope...”

Como consertar o feito?
Pra isso não há ciência...
Só me restava uma coisa:
Arcar com a consequência...

No meio dos pensamentos
Ouvi a voz redentora,
O delegado me disse:
“Te soltou a Escrevinhadora.”

Respirei aliviada,
Agradeci ao delega,
Sorri para o carcereiro
E falei: “Adeus, colega!”

O pessoal lá de dentro
Estava ouvindo a conversa,
Todos autores malditos
Que fizeram a maior festa

Comemorando a soltura
De mais uma injustiçada
Que se arriscou, sem saber,
Por causa da língua afiada.

Eu gritei: “Valeu, povão!”
E fui saindo ligeiro.
O delega perguntou:
“Não quer passar no banheiro?

Pra dar uma arrumadinha...
Depois desse tempo de cela
Tu tá no maior bagaço,
Parece coruja velha.”

Eu parei, estupefata!
Dá para acreditar?!!!
Mas não me alterei com ele.
Disse: “Não... pode deixar...”

Mantive a língua travada,
Pois as faculdades estão sãs,
Mas lá do cárcere veio o coro:
“CORUJA VELHA É A MÃE!”
.
.
.
Resposta a “Resposta”, de Escrevinhadora.
Referências: “Indiazinha Sem Torcida”, de Ana;
comentário de Bruno D’Almeida em “Das Flores às Pedradas...”, de Ana;
A Samurai Contra-ataca!”, de Ana.
Referências indiretas: “Coruja Velha é a Mãe”, de Ana;
Vaia para Ana”, de Escrevinhadora.
Citação de dois filmes que utilizam, em seus enredos, de forma cômica, o tema amnésia temporária.
Peter Segal, Andrew Stanton.

5 comentários:

Rita Veiga disse...

Muito bom.

Bruno D´Almeida disse...

Ana,

Você é extraordinária, é poeta federal de Drummond que tira ouro do nariz, é explosão de inspiração, de bom humor e de inteligência, é a grande agitadora do duelos, é a prova de que é possível tornar as coisas mais simples em momentos inesquevíveis.

Fez um poema lindo, complexo na sua construção, criativo, rimado, com quadrinhas e que revela, no seu paradoxo, uma profunda simplicidade. Eu me curvo, estendo-lhe a mão e lhe reverencio. Parabéns.

Bruno D´Almeida disse...

vixe...inesquecíveis...até minhas palavras se curvaram...risos...

Ana disse...

Rita:
Obrigada pelo elogio!
Sincera e emocionadamente, muito obrigada!
Você não sabe como isso é importante para quem está sendo libertada de uma prisão injusta!...
Beijo.

Ana disse...

Bruno:
Muito obrigada mesmo!
Por suas palavras e, também, por se dispor a me ajudar a sair da cadeia naquele outro comentário. Este tipo de atitude, sim, é inesquecível!
Obrigada, grandiosíssimo Bruno!