Graciliano Ramos foi preso na Ilha Grande durante o
Estado Novo. Este livro registra sua
permanência no presídio, trazendo-nos um relato ao mesmo tempo de feições
pessoais e históricas. Ele nos mantêm
prisioneiros de sua narrativa, mas, sobretudo, de sua escrita magnífica. Seus neologismos inesquecíveis e a
genialidade originalíssima com que manipula a língua portuguesa são atributos
únicos em sua obra.
O efeito desta estória em mim foi tão forte que, indo
à Ilha Grande, fui visitar o presídio em que ele esteve. Apesar de estar em ruínas, consegui ler
mensagens escritas nas paredes, andar por semicorredores escuros, entrar em
pedaços de celas minúsculas. Podia
sentir as angústias descritas por ele, ouvir as conversas políticas, gelar com
o pavor que surgia por um amigo torturado, sentir náusea com a comida
intragável, tremer com o frio daquelas caixas de cimento.
E pensava no algo que muito me corroía por dentro
lendo suas Memórias: e se ele tivesse morrido? E se ele tivesse morrido???
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário