Dizem que agora há uma crise sem precedentes prestes
a assolar nossas ruas. O enfraquecimento do ocidente enquanto sociedade estaria
ameaçado. O enfraquecimento da nossa identidade enquanto “ocidentais” estaria
ameaçada...
Eu, contudo, muitas vezes me pergunto quando me
defronto com este tema: será que este enfraquecimento está prestes a acontecer?
Ou será que ele já aconteceu há muito tempo?
Nós passamos nossas vidas inteiras querendo nos “unir”. Unir nossas vidas à vida de um alguém que representará um amor infindável. Unir nossas esperanças de sermos ricos com esperanças idênticas de outras pessoas. Unir nossas opiniões com as de pessoas parecidas conosco. Unir nossos destinos com nossa “turma”.
Nós passamos nossas vidas inteiras querendo nos “unir”. Unir nossas vidas à vida de um alguém que representará um amor infindável. Unir nossas esperanças de sermos ricos com esperanças idênticas de outras pessoas. Unir nossas opiniões com as de pessoas parecidas conosco. Unir nossos destinos com nossa “turma”.
Contudo, as imagens expressam nossa hipocrisia:
tantas pessoas expremidas dentro de um trem sem trocar uma palavra, reprimidas,
umas com medo das outras. Multidões silenciosas e anônimas trancafiadas em
apartamentos e guetos, consumindo algum tipo de ópio (incluo a televisão e alguns
usos que se faz da internet na categoria de “drogas moderadas”).
E aí, eu retorno: onde estamos unidos? Será que todas
as pessoas são tão ruins que não mereçam ser ajudadas, ao menos com uma palavra
de “bom dia” em um trem lotado?
Quantas pessoas estão hoje, neste exato momento,
separadas, intrigadas, de algo que sequer compreendem? Com seus sonhos
reprimidos e destruídos, estão refugiadas de si mesmos, sem coragem de se
encarar. E tudo isso porque queriam um pouco de reconhecimento, um pouco de
atenção, de carinho, e nós fomos incompetentes.
Incompetentes por não saber amar as pessoas que
erram, que não são tão eficientes e não se encaixam na nossa leitura de mundo.
Nós nos separamos das pessoas da forma mais covarde possível: a indiferença.
Grandes cidades se erguem no mundo inteiro, sobre as
costas de pessoas anônimas, que são ignoradas, deixadas de lado, reprimidas e,
ao final, ainda conseguem encontrar sentido em suas vidas. São os heróis, que,
quando olhados em uma filmagem do alto, parecem formiguinhas apinhadas, fazem a
cidade parecer opulenta, e revelam suas misérias, ao mesmo tempo em que
sobrevivem.
Nós? Bem, nós sonhamos, nos unimos com gente parecida
com nós mesmos, e gostamos de escutar dos outros as coisas que nós mesmos
pensamos.
Qualquer dia desses estaremos oficialmente
decadentes. Contudo, desde já os digo, eu tenho certeza que nossa decadência já
começou, o que me faz concluir algo muito simples: ao nos unirmos com umas
poucas pessoas, nós escolhemos nos separar de todo mundo. Espero que vocês
todos encontrem união, em um mundo que se rasga igual a uma roupa velha,
deixando muitos descamisados.
Mas espero também que um dia todos nós consigamos acordar e nos reconciliar, pois hoje estamos, definitivamente, separados.
Mas espero também que um dia todos nós consigamos acordar e nos reconciliar, pois hoje estamos, definitivamente, separados.
Visitem Luiz de Almeida Neto
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