Li “O Dia do Chacal” na adolescência. Não conhecia ainda Frederick Forsyth. Iniciei a leitura com o mesmo amor de sempre por todos os livros, mas logo percebi que aquela não era uma narrativa comum.
Inicialmente não concordei muito com a ideia de um
complô para matar Charles de Gaulle e queria que o assassino contratado para
tal fosse impedido de concluir sua tarefa.
Mas Chacal, o mercenário, era tão engenhosamente inteligente, tão
admiravelmente detalhista, tão dedicado às suas tarefas, que roubou (temporariamente)
meus valores morais e passei a ter por ele uma simpatia nascida do
reconhecimento de sua extrema competência profissional.
Então o complô foi descoberto e entrou em cena o
detetive Claude Lebel, que teria que encontrar Chacal antes do atentado ao
presidente. Como adversário à altura, ele
conseguiu também minha torcida. Daí em
diante, segui os passos dos dois, irremediavelmente fascinada com os
planejamentos de Chacal e as deduções de Claude Lebel.
Assim varei a noite, totalmente impedida de largar o
livro, não só curiosíssima em relação ao desfecho, como apaixonada pela escrita
de Forsyth. Que escrita! Que desfecho!
Fechei o livro já no meio da manhã, triste por ter
chegado ao final e com vontade de começar a ler tudo novamente. Anos mais tarde soube que para escrever este
livro, Frederick Forsyth fez, pessoalmente, todo o longo trajeto do Chacal para
chegar à França, estudando cada local como se fosse o próprio assassino e
colocou em suas páginas uma viagem real.
Então confirmei o que já reverberava em minha mente enquanto lia o
livro: para criar personagens tão fortes e capazes, só mesmo um escritor com
iguais inteligência, dedicação e competência.
.