Não sei como começá, moço… Acho que foi assim: ele vinha vindo no cruzamento, eu também, a gente se esbarrô e ele me xingô. Xingamento eu não aturo, não! Aí eu xinguei também… no mermo nível, claro, que não sô mulher de descer do salto. Aí, ele, estouradinho, danô a gritar um monte de palavrão. Aí não deu pra mim: tasquei-lhe um empurrão. Ele, que não é nem um pouco cavalhero, me empurrou também (ninguém ensinô pra ele que em mulher não se bate). Eu gritei, espantadona, e taquei-lhe um soco na cara. Daí pra chegar ao chão os dois junto engalfinhado foi meio pulo. A multidão logo tava em volta, com torcida organizada pros dois lado (a minha era maió, craro!, até pruque eu tava de saia e a homizada delirô!). De repente fiquei por riba dele (que não sou de ficá por baixo de ninguém) e danei a enforcá ele, que foi ficando vermelho, azul, roxo batata. Aí larguei, venci o froxo. Fui pra galera que me apraudiu de montão. Então ele levantou, foi chegando pra perto de mim todo torto (eu preparada pra socar de novo) e me tascô um beijo daqueles de novela das oito, todo babado. Daí, como ele gosta de apanhá e eu sô fissurada em batê, nós tamo aqui, na frente do senhor, pra assiná os papel, seu tabelião.
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