Li “Pollyanna” quando era criança (uma criança bem a la Mafalda, por sinal). Ela me ensinou o jogo do contente e eu
tentei, verdadeiramente, agir como ela, vendo o lado bom de todas as coisas,
por mais horrorosas que fossem. Fiz isso
porque soube, de imediato, que era uma boa forma de viver, melhor do que a
postura crítica que me era tão peculiar.
Porém, minha tentativa não durou o tempo de acabar de ler o livro: em
alguns pouquíssimos dias voltei ao normal.
Mas ficou na lembrança aquela menina que teimava em ser irritantemente
positiva.
Hoje, lembrando do livro, parei e pensei sobre sua
mensagem. Minha tentativa infantil não
deu certo porque o que fiz foi mudar meu comportamento superficialmente, não o
adotei como filosofia de vida, como fez Pollyanna. Ela, que tantos revezes sofreu, decidiu não
se deixar envolver por eles, e sim olhar através das tristezas e fixar os
possíveis pontos de luz existentes em meio às trevas de sua vida. Mas, além disso, ela própria brilhava
interiormente e transbordava este brilho para o mundo. Seu otimismo era infinito, uma questão
bioquímica mesmo: ela não nasceu para a depressão, para o aprofundamento
abissal, para a taciturnidade. Ela
nasceu para viver bem, para sorrir, para ser alegre a despeito de quaisquer
situações exteriores. Nasceu para ser
feliz e fazer feliz a partir de sua transbordante positividade. Mais que uma decisão, havia uma capacidade
inerente a ela.
Portanto, ser Pollyanna não é para qualquer um, só
para aqueles que já nascem Pollyannas.
Mas ela e as Pollyannas do mundo deixam sua marca, iluminam nossos dias
com seus sorrisos inesquecíveis e nos lembram que o brilho é infinitamente
melhor do que o marasmo, o pessimismo e a cinzenta seriedade que, por vezes,
domina completamente nossas vidas.
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