Eu sou eu. Às vezes não…
Sou alguém que desconheço,
faço coisa inesperada,
eu mesma desapareço.
Depois, quando outros me contam
o que “eu” fiz de besteira,
catatonizo direto,
fico sem eira nem beira.
Tipo morta de vergonha,
muda, sem ter o que dizer,
todo mundo me olhando
e eu… vou fazer o quê?
Sair quieta, de fininho,
me esconder num canto escuro,
pensando, desesperada:
“Qual será o meu futuro?”
O meu eu inicial
é bobinho, educado…
O que depois apareceu,
totalmente inadequado.
Primeiro surgia pouco,
vez aqui, outra acolá…
Depois foi tomando gosto
e não parou de “baixar”.
No trabalho, na igreja,
no bingo, em exposições,
nas férias com o namorado,
no teatro, em conduções.
Eu fui ao psiquiatra,
ele esclareceu
niente,
passou uns remédios pra doido,
ganha enganando a gente…
Então fui ao psicólogo,
perguntou de mãe e pai,
infância, temores, sexo,
um ano… no vai-não-vai…
Consultei um pai-de-santo,
procurei centro de mesa,
foi galhada, passe, reza,
e eu continuo na mesma…
Conversei com um exorcista
indicado pelo padre
que leu quase a Bíblia toda
com assessoria da madre.
Eu só ouvia era demônio,
diabo, inferno, satanás,
anjo caído, essas coisas…
Mas não consegui ter paz.
Passei na Universal
no dia do descarrego,
confiando no pastor
que curava mudo, vesgo,
mandava demônio pro inferno,
até um cego enxergou,
mas comigo não deu certo:
a besta não me deixou…
Estou quase desistindo,
minhas forças estão no fim,
eu não agüento esta sina,
eu vou desistir de mim…
Como um ato final,
deixo estas fracas linhas
pra registrar que existiu
um dia, minha vidinha…
....Até que emfim esta peste já era!
....Tão falando comigo, galera!
....Eu vou é cair de vez na isbórnia
....agora que a santinha foi imbora!
....Fuuuiiiiiiii!!!!!!!!!.