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Essa semana que passou, estava tomando café e vendo o jorn... Pausa.
Acordar cedo e levantar a tempo de tomar café vendo o jornal de manhã tem sido um evento raro para mim, já que faz um mês que eu chego atrasado à faculdade por conta do sono. Então, uma situação de uma raridade como essa merece um pouco mais de destaque. Vamos recomeçar:
Numa das raras vezes que consegui levantar cedo esse mês – coincidentemente, semana passada –, eu estava vendo o jornal e vi uma notícia q... Mais uma pausa.
É a segunda vez que eu levanto cedo no mês, e é a segunda vez que eu acordo com uma notícia catastrófica. Se continuar nesse ritmo, até o fim do ano acordo com repórteres decretando o início do Apocalipse. Melhor continuar dormindo meia hora a mais... Erm, o show tem que continuar, então meu relato prossegue:
Numa das raras vezes que consegui levantar cedo esse mês, eu estava vendo o jornal e me deparei com uma notícia que me deixou... A minha reação eu expresso depois, o fato é que tiraram a obrigatoriedade do diploma de Jornalismo para exercer a profissão. Bom, para justificar uma decisão estapafúrdia, só mesmo uma desculpa mais estapafúrdia ainda: a exigência do diploma feria a liberdade de expressão.
Han?
É, é isso mesmo. Infelizmente para mim (e para todos nós), isso não era o Saturday Night Live – por motivos óbvios – e nem eu estava delirando de sono. Acho que o nosso Judiciário precisa dar uma checada no Aurélio, para rever seus conceitos sobre algumas palavras. “Liberdade” certamente é uma delas; no meu tempo tinha outro significado.
Uma vez, em uma aula de Ensino Religioso (que, de religião, não se aprendia nada), aprendi a sutil diferença entre “liberdade” e “libertinagem”. A partir do momento que um ato livre passa a causar dano a outra pessoa, ou mesmo privar parte da liberdade dessa, a liberdade vira libertinagem. A diferença entre “graffiti” e “pixação” segue a mesma linha.
Para mim, essa decisão foi exatamente isso: transformar a liberdade em libertinagem de expressão. Permitir que pessoas sem a mínima formação tenham direito a serem chamadas de “jornalistas” estende o alcance deles, mas fere a minha liberdade, o meu direito de receber material de qualidade.
A faculdade de Jornalismo não existe à toa. Nos meios de comunicação, precisamos de pessoas que saibam falar ou escrever corretamente, que saibam expressar suas ideias, e que saibam ser imparciais. Precisamos de pessoas com o mínimo preparo, que tenham um nível técnico o suficiente para gerar e apresentar reportagens de qualidade. Perdemos toda essa garantia com a “liberdade”...
Para não-jornalistas já existem os comentários, cartas do leitor, colunas, blogs, Twitter e tantos outros meios de comunicação. Um selo custa 10 centavos, contas de e-mail são na maioria gratuitas, e uma hora na lan house custa menos que uma passagem de ônibus. Ninguém é privado de se expressar: hoje em dia, só não fala quem não quer.
Acordar cedo e levantar a tempo de tomar café vendo o jornal de manhã tem sido um evento raro para mim, já que faz um mês que eu chego atrasado à faculdade por conta do sono. Então, uma situação de uma raridade como essa merece um pouco mais de destaque. Vamos recomeçar:
Numa das raras vezes que consegui levantar cedo esse mês – coincidentemente, semana passada –, eu estava vendo o jornal e vi uma notícia q... Mais uma pausa.
É a segunda vez que eu levanto cedo no mês, e é a segunda vez que eu acordo com uma notícia catastrófica. Se continuar nesse ritmo, até o fim do ano acordo com repórteres decretando o início do Apocalipse. Melhor continuar dormindo meia hora a mais... Erm, o show tem que continuar, então meu relato prossegue:
Numa das raras vezes que consegui levantar cedo esse mês, eu estava vendo o jornal e me deparei com uma notícia que me deixou... A minha reação eu expresso depois, o fato é que tiraram a obrigatoriedade do diploma de Jornalismo para exercer a profissão. Bom, para justificar uma decisão estapafúrdia, só mesmo uma desculpa mais estapafúrdia ainda: a exigência do diploma feria a liberdade de expressão.
Han?
É, é isso mesmo. Infelizmente para mim (e para todos nós), isso não era o Saturday Night Live – por motivos óbvios – e nem eu estava delirando de sono. Acho que o nosso Judiciário precisa dar uma checada no Aurélio, para rever seus conceitos sobre algumas palavras. “Liberdade” certamente é uma delas; no meu tempo tinha outro significado.
Uma vez, em uma aula de Ensino Religioso (que, de religião, não se aprendia nada), aprendi a sutil diferença entre “liberdade” e “libertinagem”. A partir do momento que um ato livre passa a causar dano a outra pessoa, ou mesmo privar parte da liberdade dessa, a liberdade vira libertinagem. A diferença entre “graffiti” e “pixação” segue a mesma linha.
Para mim, essa decisão foi exatamente isso: transformar a liberdade em libertinagem de expressão. Permitir que pessoas sem a mínima formação tenham direito a serem chamadas de “jornalistas” estende o alcance deles, mas fere a minha liberdade, o meu direito de receber material de qualidade.
A faculdade de Jornalismo não existe à toa. Nos meios de comunicação, precisamos de pessoas que saibam falar ou escrever corretamente, que saibam expressar suas ideias, e que saibam ser imparciais. Precisamos de pessoas com o mínimo preparo, que tenham um nível técnico o suficiente para gerar e apresentar reportagens de qualidade. Perdemos toda essa garantia com a “liberdade”...
Para não-jornalistas já existem os comentários, cartas do leitor, colunas, blogs, Twitter e tantos outros meios de comunicação. Um selo custa 10 centavos, contas de e-mail são na maioria gratuitas, e uma hora na lan house custa menos que uma passagem de ônibus. Ninguém é privado de se expressar: hoje em dia, só não fala quem não quer.
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Postado, originalmente, em 21/06/2009.
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