Não sei o que acontece no resto
do Brasil essa época do ano, mas por aqui Junho e Julho tem gostinho de volta
pra casa...
Temperatura cai, guarda-roupas
são renovados, velhos casacos saem do saco plástico e é possível ver toucas e
luvas do inverno passado desfilarem majestosamente pelas ruas.
São João tem cheiro de roupa nova
e naftalina.
Julho é encrenca minha, assumo.
Afinal, mês de aniversário não tem muita graça depois dos 18 anos, mas Junho
não! Junho é mês diferente... Junho tem trilha sonora no estilo “cheiro no
cangote” e cara de romantismo ‘breguês’.
São João tem cheiro de pólvora e
poeira.
“O maior amor do mundo é o meu, e
ele é todinho seu”, pago pra ver quem é esse valente que não treme a ponta do
dedo* quando ouve soar de qualquer lugar músicas como esta. E todas aquelas
outras músicas que você não faz a mínima ideia de onde conhece, mas sabe toda a
letra e sente um aperto estranho no peito? “Ainda me lembro do seu caminhar,
seu jeito de olhar, eu me lembro bem...”
São João tem gosto de saudade e
licor.
Essa é aquela época em que as
pessoas literalmente voltam para casa. É período de visitar família, amigos e
todos aqueles cantinhos que marcaram a infância. Aprendi, por volta dos meus onze anos, que
São João é sinônimo de matar a saudade. Lembro bem como a minha primeira paixão
veio em um São João e durou bastante tempo (talvez ainda tenha um pouquinho
dela aqui).
Não sei o que em mim parou no tempo, mas tenho uma parte do coração presa em festas juninas. Pena é, todas as sensações boas dessa época terem sumido. Passo esse mês na tentativa incessante de uma coisa que não existe mais, que não pode mais ser.
São João tem gosto de resgate e
frustração, cheiro de pólvora, naftalina e saudade...
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Jacaraci, Bahia - 24 de junho de 2012.
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