Era um dia nublado, pesado, destes que doem na alma. Um dia para ficar na cama deixando vir esta inquietude, sentindo-a e pensando para onde ela o queria levar. Na cama e coberto com um edredon bem quentinho.
Pegou um livro que estava sobre o criado mudo, e reiniciou pela enésima vez a leitura daquele livro, tão sem graça como esse dia acinzentado, mas ler ou fazer qualquer outra coisa estava fora de cogitação.
Seu pai falecera na noite anterior e agora ele se dirigia ao enterro. A face sombria. Nem sabia se o dia estava mesmo nublado, ou se era o seu estado de espírito que fazia parecer que estava. Talvez o dia estivesse ensolarado, todos os que conhecia estivessem saindo de casa para ir à praia e quem sabe seu pai nem tenha morrido. E se tudo for apenas um sonho ruim, um pesadelo desses que todo mundo tem de vez em quando e quase sempre não lembra ao acordar?
Quem dera. O pai já era velho. Já era a hora dele. E ele não ia querer me ver choramingando pelos cantos. É isso. Ele morreu e vou ter que aprender a conviver com isso. Tenho que guardar esse dia para passar aos meus filhos para que quando o mesmo acontecer comigo tomem a minha atitude como experiência. Mas de uma coisa eu tenho certeza: eu serei tão bom pai quanto o meu foi. Isso é certo.
Neste momento, caiu do céu uma chuva repentina, gelada, renovadora. Era como uma resposta, como uma mensagem, como um banho bom de chuva como aqueles que tomávamos, meu pai e eu, quando, às vezes, voltávamos das pescarias. Recebi aquelas gotas como beijos de despedida.
Adeus pai. Você definiu quem eu sou.
Pegou um livro que estava sobre o criado mudo, e reiniciou pela enésima vez a leitura daquele livro, tão sem graça como esse dia acinzentado, mas ler ou fazer qualquer outra coisa estava fora de cogitação.
Seu pai falecera na noite anterior e agora ele se dirigia ao enterro. A face sombria. Nem sabia se o dia estava mesmo nublado, ou se era o seu estado de espírito que fazia parecer que estava. Talvez o dia estivesse ensolarado, todos os que conhecia estivessem saindo de casa para ir à praia e quem sabe seu pai nem tenha morrido. E se tudo for apenas um sonho ruim, um pesadelo desses que todo mundo tem de vez em quando e quase sempre não lembra ao acordar?
Quem dera. O pai já era velho. Já era a hora dele. E ele não ia querer me ver choramingando pelos cantos. É isso. Ele morreu e vou ter que aprender a conviver com isso. Tenho que guardar esse dia para passar aos meus filhos para que quando o mesmo acontecer comigo tomem a minha atitude como experiência. Mas de uma coisa eu tenho certeza: eu serei tão bom pai quanto o meu foi. Isso é certo.
Neste momento, caiu do céu uma chuva repentina, gelada, renovadora. Era como uma resposta, como uma mensagem, como um banho bom de chuva como aqueles que tomávamos, meu pai e eu, quando, às vezes, voltávamos das pescarias. Recebi aquelas gotas como beijos de despedida.
Adeus pai. Você definiu quem eu sou.
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