O espaço está repleto. Repleto da angústia de não ter pra onde olhar. E tudo
gira depressa. Foscas imagens brilham macabras. Um violento calor brande em
chamas dentro dos cérebros convulsos. O vento quente assola as paisagens.
Paisagens urbanas e mortas.
No entanto, aquele pescoço desesperado acerta uma direção. E os olhos
lacrimejantes, de tão cansados, topam com algo surpreendente e incompreensível.
Ainda assim, bela visão! Tudo então se concentra naquele ponto. Até o vento
parou.
Era uma flor que brotava do concreto cinza.
[Adhemar - São Paulo, janeiro/1983]