Pausa durante o Congresso
Venho aqui pra “bloggar”
Mal a “bloggagem”, começo
Já venho me retratar
Fiz mancada de mané
Dessas de roer as unhas
Chamei a Ana de “ré”
Querendo dizer “testemunha”
Ops, não é bem isso!
Testemunha é a Escrevinha
Desculpem o rebuliço
“Vítima” é a palavrinha
Assim, irrito a plateia
Mas mais nervoso eu estou
Escrevi quase uma “Odisseia”
E não é que o PC reiniciou?
Agora, eu fico aqui
Tentando lembrar de cabeça
O que eu outrora escrevi -
Não que a mensagem eu esqueça
Disso eu lembro muito bem:
Como iria esquecer
De quem me tratava bem
E agora quer me bater?
Eu podia entrar na briga
Ou me tornar mais agressivo
Mas minha calma não liga -
Não que eu seja passivo
Penso, brigar só faz mal
Só de pensar, eu congelo
Afinal, isso é um sarau
Ou já virou um Duelo?
No entanto, quieto eu não fico
Isso eu acho desaforo
Na inocência, eu vou e brinco
Recebo intimação pro Foro
Pergunto, então: “De quem veio
Essa grave acusação?”
Responde o homem do correio:
“De seu maior anfitrião.”
Nessa hora, eu quase choro
Isso dói no coração
Por isso, Ana, eu imploro
Não me vem com essa não!
Nem você, Escrevinhadora
Advogada sem diploma
(Dispensável à oradora
Que já me deixou com um bom hematoma)
Não que eu dispense os elogios
- É só que eu morro de vergonha -
Mesmo assim, já virei frio,
Ingrato, boca-suja e pamonha!
Mas desprezar minha poesia
Não será algo que farei
Seria muita hipocrisia
Confrontar justo o que falei
Pois, ameacei o puxão
Pelo excesso de modéstia
Teria falado em vão
Se, agora, me achasse uma moléstia
Ainda me acho aprendiz
Creio, isso nunca mudará
Mesmo com tudo o que já fiz
Não sou, das letras, marajá
Vendo que a minha ironia
Não ‘tá sendo bem recebida
Antes que eu entre numa fria
Já vou tomando a minha medida:
Como eu virei o vilão
O perverso, o mau rapaz
Vou avisando de antemão -
Aqui, eu já não brinco mais!
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