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segunda-feira, 6 de julho de 2009

Meu Despertar de Hoje! - por Adir Vieira

Hoje, acordei forçada!
O clima frio que jogava uma aragem fresca pela janela do quarto embalava meu sono e meus sonhos quando, exatamente às três horas da manhã, um grupo de mais ou menos uns oito adolescentes residentes no prédio em que moro chegavam juntos de uma “balada” qualquer. Percebia-se, pelo total descomprometimento com o horário do silêncio, que estavam bailando também sob efeito da madrugada em festa.
Ao invés de subirem para seus apartamentos fizeram ponto na portaria do edifício e em conversas, se é que podemos chamar aquilo de conversa, retratavam para todos aqueles que já, naquela altura, tentavam conciliar o sono, a sua “noite”.
Percebi que, mesmo com o valor do condomínio tão alto, o prédio onde moro não tem porteiros nem vigias, pois os dois funcionários faziam-se “invisíveis” ante a falta total de educação dos jovens.
Que já não temos mais síndico, tenho plena consciência há mais de dois anos. O “senhor” que ocupa a posição, por aceitação daqueles condôminos que se prestam a frequentar as reuniões de condomínio, é figura meramente decorativa.
Mas o que me chamou a atenção, no fato, mais do que a irreverência dos pimpolhos, é a dúvida que me assaltou naquele momento em que, deitada na cama, eu me indagava sobre a qualidade dos responsáveis por aqueles jovens. Impossível que não estivessem ouvindo o que eu e toda a vizinhança, no silêncio da noite, escutava.
Onde está a responsabilidade dos pais de família de hoje que além de permitirem que jovens de quatorze e quinze anos, seus filhos, saiam sozinhos e retornem àquela hora da madrugada, não demonstram qualquer preocupação com a violência hoje existente?
Começo, na minha própria indagação, a encontrar respostas para a existência do grande número de jovens perdidos, totalmente perdidos em seu abandono.
O pior é que depois da “casa arrombada”, pais e mães vão para os jornais se queixarem dos cuidados que os órgãos públicos deveriam ter com a população, quando, eles mesmos, ditos responsáveis, sequer cuidam dos próprios filhos.
Lamentável!



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Nos Trilhos da Esperança- por Alba Vieira

Lá vai o trem todo dia,
Carrega vidas que insistem em viver...
Leva ao trabalho que rende tão pouco,
Leva quem procura trabalho pra fazer.
Trem descendo, trem subindo,
Trem repleto de sofreguidão.
Trem teimoso e o desalento
Estampado em cada estação.
São mulheres, maltrapilhos, meninos pedindo pão.
Homens fortes, ignorantes; outros com alguma instrução.
Muitos sonham olhando a paisagem...
Outros deixam escorrer só indignação
Por esta vida de desencantos na lida
Sem oportunidade de um futuro são.
Vagões apinhados descem nas manhãs.
Outros entupidos de gente, à noite sobem.
No vaivém de vidas sofridas, exauridas,
Que, contudo, ainda com fios de esperança tecem.
Tecem projetos, se seguram nos vagões.
Tecem memórias, guardam suas tristezas e desilusões.
Tecem a história de vidas de superação.
Tecem a certeza de que dias melhores virão.



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Ordem de Despejo - por Ana

O homem é bicho esquisito...
Desarruma o próprio lar,
Suja, imunda, depreda,
Não cansa de emporcalhar

A água que ele mesmo bebe,
O chão que ele mesmo pisa
E... pasmem agora comigo:
O ar que ele mesmo respira!

Diz que é inteligente...
Inteligência vejo não,
Neste comportamento
Que leva à própria extinção.

É animal inconsequente,
Mais que zebra, mais que anta.
Eu nunca vi, numa espécie,
Idiotice tamanha.

Acha que é dono da Terra...
Em breve vai pro beleléu...
Não percebe, em insanidade,
Que aqui vive de aluguel.



Inspirado em “As Nossas Palavras XIII”, de Lélia.
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Carta ao Amor... - por Duanny

Se tiveres sede, serei a água cristalina.
Se tiveres fome, serei o bornal abençoado.
Se tiveres frio, serei de longe a manta agasalhadora.
Se tiveres calor, serei o vento brando que refrescará teus dias.
Sempre estarei aqui, de prontidão a teu lado.
Quando sentires a brisa a bater em teu rosto com suavidade, sou que te beijo com saudade.
Se não posso transmitir-te o almejado amor, servirei de escudo para tua dor.
Sei que agora é impossível e infeliz esse amor. E embora meu peito estoure de dor, quero ver-te feliz e casado.
Ah! querido meu, como é difícil amar... e ter de renunciar.
Amar é um belo verbo.
E quando conjugado em todos os tempos, singelo.
Quisera levar comigo uma harpa.
E destes versos fazer uma ária.
Porém nem tudo é possível, amor.
Nos meus padecimentos de dor.
Sejas feliz eternamente,
Que eu procurarei velar-te singelamente.
Desta que te ama com devoção.
Com toda a plenitude do coração.



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A Ligação - por Flavio Braga

Estava indo dormir. O quarto já estava escuro, eu cheio de sono, estava chovendo. Enfim, eu iria dormir. Mas meu telefone toca. Número desconhecido. Pensei que era engano, mas meu maior engano foi atender:
- Funerária Pôr do Sol, boa noite?
- Quê?
- Quem é?
- Flavio? Oi, sou eu, Seus Medos.
- Quem?
- Seus Medos.
- Rapaz, que susto, pensei que era o gerente do meu banco.
- Não, mas você está em dívida.
- Como assim?
- Você está me deixando de lado, você não me valoriza, não liga mais para minha existência... Estou meio sozinho...
- Meus Medos, não fica assim não...
- É Seus Medos.
- Foi o que eu disse, Meus Medos.
- Não, meu nome é Seus Medos.
- Mas você não me pertence? Então seu nome é Meus Medos.
- Lá vem você... Agora está tão egoísta! Quer mudar até meu nome! Não te reconheço mais.
- É tudo questão de semântica, gramática, prosopopeia, essas coisas. Mas Medo – posso te chamar assim? – não é que eu não ligue mais para você, mas a nossa relação já não era essas coisas todas, era uma relação de... de...
- Medo?
- Isso, meu caro, de medo. Não é que eu tenha algo contra você, mas eu preciso te encarar, sabe?
- Entendo...Então é o fim de uma amizade de mais de 20 anos?
- Não, que é isso, não seja tão radical assim. Você pode me visitar de vez em quando. Uns poucos pesadelos por ano não fazem mal a ninguém.
- Tudo bem. Faz um favor? Espera na linha que tem alguém aqui querendo falar com você.
- Quem é?
- Surpresa.

(Vozes ao fundo. Outra pessoa pega o telefone.)

- Flavio?
- No, aqui és Pablito, El imigrante boliviano clandestino. Claro que sou eu. Quem é?
- Sou eu, o Passado. E te condeno.
- Me condena? Passado, meu caro, faz um favor?
- Claro!
- Me esquece!

Desliguei na cara do Passado. Ele só quer saber, às vezes, de cobrar por coisas que fiz ou que deixei de fazer. Deixe-me dormir porque amanhã é dia de preto, e ninguém vai acreditar que tive essa conversa com essas duas figuras. Preciso parar de tomar esses remédios.




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Friedrich von Novalis e os Acasos - Citado por Penélope Charmosa

Todos os acasos da nossa vida são materiais de que podemos fazer o que quisermos. Quem possui muito espírito faz muito da sua vida - cada tomada de conhecimento, cada acontecimento seria para ele inteiramente espiritual - um primeiro membro de uma série infinita - o início de um romance infinito.



In “Fragmentos”.
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