O quarto é algo engraçado,
Traz à mente tanta idéia…
Eu penso logo em Lucíola
E também na Macabéa.
Pode ser soturno, feio,
Amplo, bonito, arejado,
Com florzinhas cor-de-rosa,
Ou com tranca e cadeado.
Porém o mais importante
É que ele seja, pra ti,
O espaço de liberdade
Onde sonha, chora e ri.
Não importa o que está fora,
Não importa se está preso,
É nele que deve traçar
As rotas de fuga ou desejo.
A mente não tem paredes,
Não deve desistir, julgar,
E é dentro do seu quarto
Que ela deve te guiar
Pelos meandros da vida
Que você acha interessantes,
Que vão te trazer prazer
E te fazer importante.
Importante pra você,
Para os outros, para o mundo…
E o quarto é o jardim secreto
De solo farto e fecundo
Em que planta o que será
Se não gosta de onde está,
Quando quer mais da vida
Ou tem que reconsiderar…
Deixado, então, meu recado,
É com tristeza que parto,
Dizendo tchau, foi um prazer…
E agora vou pro meu quarto
Que não faz parte da casa,
Que não tem parede, porta,
Que é recanto dentro de mim,
Onde só entra o que me importa.
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