Parei na praça a esperar.
Pra esperar a
dor
e, por pirraça,
espirrar.
É uma dor que
não tem a menor graça,
uma desgraça a
suspirar;
eu, que nem
consigo respirar,
e a dor não
passa.
Parei na praça,
parei de andar.
Passo parado,
esperando pra sentar.
A dor faz
questão absoluta
de vir se
apresentar.
Parei na praça,
para ao jardim apreciar.
A preço módico,
que é o que eu
alcanço pagar.
Então me canso,
a dor não deixa
descansar.
Uma ameaça:
ela quer se
eternizar.
Paro na praça,
já não quero levantar.
O pranto
passa, a dor não presta,
é uma tensão a
dispersar.
Ouço canto,
amigo pássaro,
que passa a
assobiar.
Passam os
bichos.
Passam os
carros.
Passam as
gentes.
Só esta dor,
maldita e insistente,
é que não quer
passar.
[Adhemar - São Paulo, 31/10/2016]
Um comentário:
A dor tem seu próprio tempo, que nunca o nosso...
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