Someday I’ll Love Ocean Vuong / Um dia amarei Ocean Vuong [Ocean Vuong]
-
*Beautiful photomechanical prints of Lotus Flowers (1887–1897) by Ogawa
Kazumasa.*
Ocean, não tenha medo.
O fim da estrada é tão distante
que ela já ...
sexta-feira, 20 de janeiro de 2017
segunda-feira, 9 de janeiro de 2017
Tecnologia da letra
A tecnologia pode ser entendida como a aplicação do
conhecimento do homem para a resolução de um problema ou dificuldade. Independe
da época ou situação cultural em que ele esteja inserido.
Quando
certa tecnologia é descoberta e divulgada para os demais, acarreta em mudanças
irreversíveis na sociedade, e, o tempo em que ela não existia torna-se um marco
ultrapassado, enfim, cria-se um novo paradigma.
Um
exemplo de tecnologia que ampliou as possibilidades foi a invenção da
tipografia por Johannes Gensfleish Zur Laden Zum Gutemberg.
A
tecnologia desenvolvida por Gutemberg mudara para sempre a forma como os homens
relacionavam-se com a informação e o conhecimento. Através de Gutemberg, os
livros, manuscritos, possuídos por poucos, disseminaram-se em proporção nunca antes imaginada, o que contribuiu muito
para o desenvolvimento da moderna economia baseada no conhecimento.
Concomitantemente
com a proliferação do conhecimento, que antes calcava-se na oralidade para ser
transmitido, o invento de Gutemberg fez o homem valorizar mais a imagem que o
som, em outras palavras, o homem “auditivo” tornou-se “imagético”, por que o
conhecimento que era oral passou a ser adquirido pelas imagens fornecidas pela
letra da palavra impressa.
Marshal
Mc Luham em seu livro A galáxia de
Gutemberg já apontava na década de 60 as mudanças que a tipografia causara no homem. O fato de o livro impresso ser produzido em
grande escala, atingindo um número maior de leitores, fez o ser humano
direcionar seu foco de entendimento, especializar-se em apenas um segmento do
conhecimento, fato inimaginado antes da invenção da prensa.
Os homens
“multifuncionais” da renascença, como Leonardo da Vinci e outros, não se
desenvolverão na era pós Gutemberg. O homem especialista é o que imperou e
continua até nossos dias.
O fato de a palavra impressa ter mudado o modo
de o homem perceber e produzir conhecimento também fora o responsável por criar
inventos em proporções que ultrapassam, em muito, os inventos criados antes da
era gutemberguiana.
Se por um lado a tecnologia da prensa fizera
o homem produzir inventos em escala geométrica, por outro, fez esse mesmo homem
isolar-se no que chamamos de aldeia global. O homem “gutembergueano” isola-se
em sua especialização, dialoga apenas com seus pares, dificilmente expande seus
conhecimentos devido ao individualismo trazido pelo livro impresso.
Antes da invenção da prensa, a leitura era
feita em voz alta e na maioria das vezes era uma ação coletiva, após a chegada
do livro impresso, ocorreu o contrário, e, até os dias de hoje, as imagens das
letras impressas no livro fazem o homem isolar-se para obtenção de conhecimento
e, com isso, alterar sua interação social.
A tecnologia contribui em muito com o
desenvolvimento do homem, mas seus efeitos isolacionistas podem ser observados.
É possível afirmar que as contribuições foram mais positivas que negativas na
atual sociedade em que a imagem adquiriu mais importância que o som. Sociedade
“gutemberguiana”.
Visitem Kbçapoeta
terça-feira, 3 de janeiro de 2017
Amor à primeira lida
Contava sete anos
quando me deparei com ela. Empatia recíproca, entre tantos garotos que lhe
fizeram a corte, tinha eu grande chance de ser seu escolhido.
Era a escola o
principal cenário de nossos encontros. Diariamente eram-me reveladas algumas
particularidades de sua personalidade, seus meandros e possibilidades. Eram
inúmeros.
Bibliotecas,
bancas de revistas, Chico Buarque, Oswaldo Montenegro, Domingos de Oliveria,
Glauber Rocha, Aldoux Huxley, George Orwel, Karl Marx e muitos outros que
conheci através de seu intermédio fizeram-me ficar mais apaixonado por ela.
Como saber se era
correspondido? Como saber se estava à altura de suas expectativas?
Como não tinha
certeza se teria sucesso ao me declarar para ela, resolvi investir em meu
intelecto e conhecimento de mundo. Acreditava que se tivesse leitura e viagem
suficiente, conseguiria conquistar seu amor e devotamento.
Passava o tempo,
livros e autores. Cada nova obra que conhecia era um motivo para aumentar minha
estima por ela e a incerteza do seu sentimento por mim. Ela era gentil, dócil,
amiga, meiga e envolvente. E amor? Ainda não havia resposta.
Muitas vezes
pensara em declarar-lhe minhas intenções e acabar com essa dúvida.
Em meus devaneios
apaixonados, ela tomava a iniciativa e confessava-me que sempre me amou , que o
fato de eu lhe admirar já era prova suficiente de amor e de uma união que seria
para sempre feliz. Ah, imaginava com tanta concretude que por um átimo essa
cena me parecia realíssima.
Quando atingi a
maioridade de meus sentimentos e impulso, entendi que chegara a hora de ser
franco, sincero, sem temer a possível rejeição. Ela sabia de meu caráter, minha
boa índole e não iria se ofender se lhe expusesse meus recônditos sentimentos.
Com voz melíflua,
em um fim de tarde com o rosto contra a luz segredei-lhe anos de paixão,
devotamento e ardoroso amor apaixonado.
Contei-lhe os
inúmeros livros que lera, discos que ouvira, peças teatrais que assistira,
debates culturais que participara no afã de estar à sua altura, cultural e
sentimentalmente ,e assim, confessar todas as sentimentalidades de enamorado,
que fora cativado por ela, enfim, contei-lhe que a amava.
Ela, como
resposta, dissera que o amor sempre esteve entre nós. O amor sempre estará
entre cada vírgula e reticências de nossas efêmeras vidas. Assim tornei-me
amante da palavra.
Visitem Kbçapoeta
segunda-feira, 2 de janeiro de 2017
CARREGAMENTO
Na dúvida, me declaro
culpado.
Quantas assumi, não eram minhas...
Disso também sou culpado;
essa mania...
O mocinho da fita, o herói das minorias,
me desmanchando de cansaço
mas feliz pelas alegorias.
O mocinho da fita, idiota e tapado,
sem perceber que apanha o tempo todo
e só no fim é consolado...
O bandido no bem bom, aproveitando;
e o mocinho? Sendo sovado!
Aí, bem no finzinho,
a reviravolta utópica:
o bam-bam-bam encarcerado,
o babaquinha aclamado.
Todo fodido, todo ensanguentado...
Mas, até que enfim,
ganha um beijo da mocinha
e está tudo acabado...
[Adhemar - São Paulo, 02/01/2017]
Feliz 2017 a todos!
Assinar:
Postagens (Atom)