O que motiva o suspiro, o suspeito e o susto
é o sobressalto que assalta
a voz que vem no vento.
Um sussurro, um assopro,
um pressentimento.
Nunca foi preciso pensar tanto,
tontamente atento,
tolo sempre totalmente.
O que motiva o suspense, o sustento e o santo
é o saltimbanco solto
que assenta o tento.
E nem tenta tanto.
Tudo o que é preciso pra contar um conto
é dar um bom respiro
e cantar o canto.
Cântaro no arroio a flutuar de encanto
enquanto sem apoio apela para o pranto;
a derramar seu rio,
lágrima de pronto.
O tempo rabugento a resmungar de frio,
o fato, o pão e o alento
a alertar o tato.
Contato com consentimento
no prato do distrato
a confrontar o momento.
Instante de conforto farto,
do retrato e do livro
que livres servem aos seus patrões.
Dançar na rua a importar a espera
de buscar o sonho que nunca se altera.
O que motiva o devaneio, o sonho,
a vida e as atitudes
não são os defeitos
e nem as virtudes:
é o acidente que fez o espermatozóide
fecundar um óvulo.
[Adhemar - São Paulo, 13/06/2005]
Someday I’ll Love Ocean Vuong / Um dia amarei Ocean Vuong [Ocean Vuong]
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*Beautiful photomechanical prints of Lotus Flowers (1887–1897) by Ogawa
Kazumasa.*
Ocean, não tenha medo.
O fim da estrada é tão distante
que ela já ...